A Mudança

Arte e texto por Geuvar Oliveira, para o Duplo Expresso:

Quando aconteceu o golpe na presidente Dilma, o mundo e a maioria dos brasileiros ficaram estarrecidos com o nível de baixaria presente nas nossas instituições, entre elas, Judiciário, Congresso, Imprensa e Sistema Financeiro.

O alento era que agora, com o mal exposto, a coisa ia mudar. Temer – o político mais corrupto e um dos mais velhos – fora pego por outro bandido do sistema financeiro-empresarial – Joesley Batista – com as calças arriadas. Ainda havia o Jucá, um político sem vergonha e mau caráter. E esse dois juntos a Sarney, Renan e Aécio. No judiciário, o Gilmar Mendes tinha sido gravado, Moro foi pego gravando ilegalmente a presidente… Se não desse em nada, nas próximas eleições o povo poria todo mundo para fora, numa varredura histórica.

Ledo engano! Reapareceu um maluco xingando todo mundo, dizendo que ia matar, detonando as mulheres, os gays, os negros, falando contra os direitos humanos, e o que aconteceu? O que poderia ser a redenção do Brasil foi só uma caminhada de volta à merda. O Judiciário (que nunca gostou de um país soberano) com o apoio da imprensa e dos religiosos raivosos, prendeu o candidato que seria eleito. O candidato que mandou todo mundo se foder foi eleito presidente. O Temer vai ser embaixador em algum paraíso. Dos políticos que participaram do golpe, alguns foram reeleitos, outros estão de boa. O juiz que gravou a presidente num ato de traição virou ministro da justiça. Joesley continua empresário forte. O TSE sabotou as eleições. O PT – partido vítima nisso tudo – ajudou a prender seu próprio campeão e ainda elogiou o carrasco. Mas o pior de tudo é que metade dos brasileiros que votaram estão seguindo numa boa, como boi no pasto. A outra metade está achando normal toda essa patifaria e dando pitaco no governo da imprensa e do judiciário/militar. Os 40% que não votaram também continuam numa boa, como se tivessem em outro avião.

E eu achando que ia melhorar porque o povo finalmente tinha acordado… Agora entendo que não haverá alteração alguma sem uma mudança de consciência. Tem que haver primeiro uma mudança interior. Enquanto as pessoas tiverem medo do seu filho “virar gay”, enquanto preocuparem-se com o que os colegas da igreja vão dizer, nós permaneceremos ferrados. Essa família brasileira de bem, que se preocupa com a esquisitice de um filho gay, é aquela mesma família enaltecida pelos deputados durante a votação pela abertura do processo de impeachment contra Dilma: pela minha família, pelo meu neto, pelo meu pai, lembra? Quem colocou um presidente 666 na presidência foram os religiosos. De tanto falar no diabo, olha aí….

Expanda sua consciência! Agora teremos, pelos próximos quatro anos, a jornada do herói. E você, eleitor do novo presidente, que se arrependeu de ter votado no Bolsonaro (ou quem ainda não se arrependeu), quero que ouça uma coisa: Você não sabe porque votou nele; você só acha que sabe. Ainda hoje está sobre efeito das drogas neurológicas. Vou explicar: Você foi programado para votar no sujeito; não foi o seu gosto. Implantaram um gatilho mental no seu inconsciente, que diz para você quando ouvir “kit gay”, “PT”, “ideologia de gênero”, “mamadeira com bico de pênis”, sair correndo para longe do Haddad ou do PT. Agora, quando você ouvir a “Deus”, “cristãos”, ou a frase “Deus acima de tudo!”, você deve ficar feliz. Infelizmente, isso não é uma teoria. Estou vendo isso acontecer desde 2016. Começou com os jovens de 16 anos, que em 2018 já poderiam votar e convenceram seus familiares. Eu mesmo conheci jovens que até brigavam comigo por causa do tal candidato. No começo eu achei “isso é uma modinha”; não sabia que havia algo maior por trás.

Agora, com os testes estranhos das redes sociais, fica mais fácil de entrar nas mentes das pessoas pelos sistemas de crenças de cada uma, e surge a sabotagem mental. Infelizmente, nós só reverteremos isso quando o tal presidente começar a colocar a vida das pessoas em risco de fato. Se ele puser um mel nas maldades, muitos ainda serão capazes de permanecerem alheios a sua própria existência. Espero que esse barco afunde bem pertinho do cais, para dar tempo de alguém se salvar. Em alto mar, este barco à deriva seria como o Titanic (e capaz de por a pique o próprio iceberg desta vez…).

 

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