Sobre a Pesquisa Globo/IBOPE

Por Luiz Moreira, para o Duplo Expresso

Curioso como a Globo tem o poder de pautar o imaginário de parte das esquerdas: basta simples aceno e há comemorações mil.

Adaptado por Duplo Expresso de “Anxiety” por © Avogado6

Temos eleições em outubro, que representarão pouca modificação no cenário de derrotas às bandeiras caras às esquerdas.

Não apenas às políticas identitárias, mas ao projeto de desenvolvimento sustentável.

Desde as últimas eleições presidenciais (em 2014), experimentamos misto de ufanismo, como o “não vai ter golpe, vai ter luta” e a promessa de que a prisão de Lula “incendiaria” o país.

Pois bem, houve o golpe, houve a prisão de Lula e o que se observa? Reparem nas eleições para o Congresso Nacional. As bancadas de esquerda sairão bem menores das urnas e haverá dificuldades de negociação com as bancadas no Congresso, decorrentes de fragmentação na representação partidária e em sua horizontalizavas. Simplesmente não existirão interlocutores legitimados por seus pares.

Nesse sentido, as bancadas do Rio de Janeiro e de São Paulo nos dirão muito.

Há, entre nós, tanto questionamentos às opções sexuais das pessoas quanto cristalização da desnacionalização de amplos setores estratégicos, além de desindustrialização, cujos exemplos são as políticas para a Petrobras e a Embraer.

Minha opção por Ciro representa a tentativa de renovação do ideário de esquerda, vez que entendo como exaurido o projeto presidencial do PT.

Isso não significa morte do PT, muito ao contrário. O PT continua fundamental para a democracia brasileira, mas é preciso que o partido se reestruture e que elabore nova pauta.

Sinal de pouca ou nenhuma reflexão por parte do PT são tanto seu legado punitivista, que se exprime numa legislação persecutória incompatível com qualquer bandeira libertária, e as narrativas em torno do golpe contra Dilma e a prisão de Lula, quer dizer, alianças eleitorais, com protagonistas políticos do golpe contra Dilma Roussef, não têm significado político? Mais: trata-se a prisão de Lula de simples erro judiciário ou de engrenagem de intervenção judiciária na democracia e de tentativa de criminalização do PT e das bandeiras das esquerdas?

Para concluir, nas eleições de 2014, foi difundida tese de que a derrota de Aécio em Minas representava desabono à sua carreira política. Para tanto, foi criado o lema “Aécio, quem conhece não vota”.

Pois bem, Fernando Haddad foi derrotado por João Doria em sua reeleição à prefeitura de São Paulo. O que vale para Aécio vale para Haddad, isto é, “Haddad, quem conhece não vota”? Ou aquilo se tratava de mera peça publicitária? Movimentos políticos não carecem de justificação? Ou são meros jogos de poder?

Essas questões são muito importantes para mim e é por isso que entendo que o candidato mais apropriado para conduzir esse processo é Ciro Gomes.

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Luiz Moreira Gomes Junior possui Graduação em Direito pela Universidade Federal do Ceará (1996), Mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1999) e Doutorado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007). É Diretor Acadêmico da Faculdade de Direito de Contagem. Professor Visitante do Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC Rio. Coordenador e Supervisor da Coleção Del Rey Internacional. Ex-Conselheiro Nacional do Ministério Público. Tem experiência nas áreas de Direito e de Filosofia, com ênfase em Filosofia do Direito, Teoria da Constituição e Teoria do Estado.

 

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