PMDB-PSDB detona Petrobras e agronegócio para favorecer Trump na guerra comercial contra China

Por César Fonseca*, para o Duplo Expresso

Estratégia Imperialista

O agronegócio nacional entrou em pânico com a geopolítica estratégica adotada pelo governo PSDB-PMDB do ilegítimo Temer de aliar-se ao presidente Trump no contexto da guerra comercial global Estados Unidos X China.

Os agricultores perdem mercado chinês, grande consumidor do agronegócio nacional, e tem seus custos de produção elevados com a política de preços ditada pelo mercado internacional mediante oscilação das cotações do dólar e do petróleo, com a Petrobras controlada, imperialmente, por Washington.

Sem Petrobras sob orientação nacional, estruturante, para garantir ao agronegócio – e também à indústria nacional – preços competitivos dos insumos que utilizam, como o óleo diesel e demais refinados, os agricultores brasileiros veem a vaca ir para o brejo.

Percebem agora que ao lado do PMDB-PSDB, aliados de Trump, caíram em tremenda armadilha no momento em que os chineses aumentam para 38% tarifa de importação do frango nacional.

A China, com essa retaliação, deixou no ar que adotará mesmo comportamento em relação à soja, ao milho, ao farelo, às carnes em geral, etc, se o agronegócio brasileiro continuar ao lado do PMDB-PSDB apoiando Trump no contexto da guerra comercial global que se intensifica.

Na prática, com sua atuação retaliatória, os chineses dão o recado de que querem no poder no Brasil amigo dos chineses como foram Lula e Dilma, com os quais construíram os BRICS, novo polo de poder global, para desbancar o unilateralismo neoliberal americano no contexto da guerra comercial.

Aleluia, Nova Lei Antinacional

Para piorar tudo para o agronegócio – e logicamente para a economia como um todo – foi aprovado na Câmara, semana passada, projeto de lei antinacional do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) que entrega o óleo do pré sal de mão beijada para petroleiras internacionais.

A Petrobras, de cuja ação estruturante depende o agronegócio para ser competitivo internacionalmente, fica mais frágil para defender o setor ao se transformar em mera exportadora de óleo cru e importadora de produtos refinados, conforme orientação imposta pelo Consenso de Washington que determina as ações do governo golpista PSDB-PMDB Temer.

Nesse contexto, a Petrobras, submetida à orientação dos Estados Unidos, no ambiente da guerra comercial que move contra a China, deixa de ser empresa estruturante do desenvolvimento nacional sem a qual o agronegócio se fragiliza estruturalmente em relação ao seu principal concorrente, o agronegócio americano na cena global.

Interessa aos Estados Unidos a fragilidade do agronegócio por meio de política de preços manipulada pela Petrobras na sua disputa de mercado para a China, dependente por sua vez das importações agroindustriais brasileiras.

Resta agora ao agronegócio tupiniquim tentar barrar o projeto Aleluia no Senado se não quiser cavar sua própria sepultura.

Aliança Nacionalista

Se quiser sobreviver, terá que abandonar os aliados que o traíram do ponto de vista geopolítico estratégico comercial, o PSDB-PMDB, aliados de Trump, inimigo do agronegócio nacional.
Caso contrário, apoiando quem o está traindo, o agronegócio nacional toca fogo às próprias vestes.

O que interessa ao agronegócio na discussão do projeto antinacionalista entreguista do deputado Aleluia, a ser agora submetido aos senadores depois de vitorioso na Câmara?
Evidentemente, aliança nacionalista com os defensores da estatização da Petrobras, o PT e seus aliados, os que foram derrubados em 2016 na batalha do impeachment que, estimulado por Washington, uniu PSDB-PMDB, hoje ameaça concreta ao agronegócio por suas posições políticas e geoestratégicas sintonizadas com Estados Unidos/Trump.

Pragmaticamente, portanto, ficar ao lado de Trump significa para os agricultores brasileiros perder negócios da China, maior consumidor do agronegócio nacional, decidida agora à retaliação comercial contra produtos agrícolas nacionais.

A disposição retaliatória dos chineses ficou comprovada há duas semanas com imposição de tarifa de 38% sobre importações do frango brasileiro, deixando em aberto iniciativas no mesmo sentido contra soja, milho, farelos, carnes em geral etc.
A guerra comercial China X Estados Unidos, portanto, pegou o agronegócio nacional no contrapé e demonstrou claramente a inexistência da fantasia do denominado livre mercado.

Blocos Comercias, Nova Lógica

Em meio à guerra comercial detonada por Trump, o que passa a predominar na cena internacional é formação de blocos comerciais, na disputa pelo mercado.
Com que bloco comercial o agronegócio brasileiro vai alinhar-se para continuar poderoso?
Com o de Trump, que deseja destruir o concorrente nacional usando a política de preços da Petrobras sob comando americano para afetar sua competitividade?
Ou do bloco chinês que abre ao Brasil as portas da Eurásia, vanguarda comercial desenvolvimentista no século 21 por meio dos BRICS?

Com a derrubada de Dilma em 2016 e a tentativa de impedir candidatura de Lula em 2018, PSDB e PMDB, monitorados por Washington, transformaram-se em adversários do agronegócio, empecilhos ao avanço do Brasil no cenário dos BRICS na sua inserção no bloco eurasiático etc.
Tal adversidade aumentou ainda mais depois da aprovação do projeto Aleluia, articulado por PSDB-PMDB-Washington, que concede às petroleiras internacionais usufruto dos benefícios – de pai para filho – das concessões onerosas feitas pela União à Petrobras na bacia do pré sal.

Novas Circunstâncias

O projeto de lei antinacionalista reforça, se aprovado agora pelos senadores, condição da Petrobras de se transformar em mera exportadora de óleo cru e importadora de óleos refinados, em obediência às orientações de Tio Sam que passou a ditar políticas de preços à estatal nacional, subordinadas aos interesses especulativos do mercado internacional.

Naturalmente, é péssimo negócio para o Brasil.
Os agricultores continuarão dando tiro no pé por meio dos seus representantes no Senado apoiando jogo entreguista destes de manterem-se ao lado dos Estados Unidos que destroem o instrumento econômico estruturante do seu próprio empreendimento estratégico que é a Petrobras na tarefa de impulsionar o agronegócio nacional?

Novas circunstâncias políticas e econômicas se abrem no ambiente do perigo que passa a correr os agricultores brasileiros, se continuarem ao lado do PSDB e PMDB que se transformaram em seus inimigos.
Em contrapartida, tais circunstâncias criam ambiente para aliança entre tradicionais adversários: os homens do agronegócio, de um lado, politicamente conservadores, econômica e financeiramente ameaçados de bancarrota, e de outro, o PT e seus aliados, a esquerda, defensores da estatização da Petrobras, sem a qual o agronegócio, setor que hoje impulsiona o PIB nacional, entra em colapso definitivo.
Contraditoriamente, nesse momento a estatização da Petrobras, por favorecer o agronegócio, une esquerda e direita contra o projeto antinacional de Aleluia/PSDB-PMDB/Washington.******

César Fonseca é jornalista

 

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