Olimpíada no Brasil: “um mundo novo”?, por Romulus
Olimpíada no Brasil: “um mundo novo”?
Por Romulus
“Padrão COI”
– Não sou daqueles que acham que enquanto não se resolverem todas as mazelas não se pode abrigar grandes eventos. Acredito no poder dos símbolos e dos emblemas.
– A pobreza em si não é incompatível com a olimpíada.
– O errado é a olimpíada se dar em um país que hostiliza os pobres – mas não a pobreza, bem entendido!
– A olimpíada poderia ter sido o coroamento da década de inflexão na curva do avanço da cidadania no pais grande mais desigual do mundo, mesmo que ainda faltasse muito por fazer.
– Ou seja, na analogia esportiva, poderia ter sido o coroamento (do início) da nossa “virada” na História.
– Da mesma forma que a escolha da sede foi o coroamento do recém-adquirido prestigio internacional do Brasil nos anos Lula.
* * *
Mas…
– A olimpíada será “brasileiríssima” nas piores acepções do termo:
– descumprimento de metas sociais e ambientais;
– improvisos mil na organização, com os já tradicionais multi-feriados para diminuir o inevitável (?) caos em grandes eventos;
– “jeitinho” legal (?) fiscal-orçamentário para pagar a festa;
– segregação espacial da mesma (“Sorria, você está na Barra!”);
– maquiagem urbana para tapar os pobres e a pobreza dos olhos do mundo.
* * *
Tapumes
– “Ai, que vergonha disso aí! Tapa logo, por favor!”
– Sim… compreendo bem…
– Mais uma vez:
– vergonha do pobre;
– não da pobreza.
* * *
Modalidades esportivas em que nadamos de braçada: revezamento de presidentes, tiro na institucionalidade e arremesso de democracia
– A cereja do bolo olímpico:
– o aparelho do Estado tomado de volta por quem acha isso tudo “uma beleza”;
– Estado, alias, tomado de volta com o uso, mais uma vez, do nosso famoso “jeitinho” brasileiro;
[Famoso mesmo: há tese em Harvard sobre “the Brazilian ‘jeitinho’”]
* * *
Slap! Paf!
– Nessas horas a diferença abissal, no nosso Brasil, entre a expectativa e a realidade dá mais um tapa na cara de quem se deixou levar pelo sonho. Mais uma vez.
– Mesmo costumando ser cauteloso nas previsões, admito que também levei esse tapa (merecido?) na cara.
* * *
“Feliz Rio2016!”
– Isto é:
– se você está do lado “certo” do tapume, evidentemente.
– E ainda, estando nele, esteja também do lado “certo” da política brasileira.
– Aliás, seria esse tal lado “certo” da sociedade o seu lado “direito”?
– Se for, fica fácil fácil para explicar para os gringos, “right”?
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