?REFERENDO NA CATALUNHA E VIOLÊNCIA: botando os pingos nos “ii”
?REFERENDO NA CATALUNHA E VIOLÊNCIA: botando os pingos nos “ii”
Quem vota no referendo? Apenas os etnicamente (!!) catalães?? Apesar de milênios de migrações internas??
Com essa história de “nacionalidade histórica” vamos voltar à Idade Média??
Romantização do independentismo catalão pela esquerda de OUTROS países é um anacronismo herdado dos anos do franquismo… o lance é GRANA!
O maior cabo eleitoral dos separatistas é, justamente, o premiê Mariano Rajoy (!)
As imagens, terríveis, tornaram os independentistas… “mártires”!
A radicalização fortalece a posição dos dois polos, em prejuízo dos moderados, a favor do diálogo. Cada um – Rajoy e independentistas – estão falando, exclusivamente, às suas bases.
Luis Felipe Miguel: Não sei se os motivos para defender a independência da Catalunha são “bons” ou “maus”. Mas se a maioria dos catalães a quiser, não há motivo para recusá-la. A violência da polícia espanhola tentando impedir a votação de ontem só dá crédito ao discurso dos independentistas, de que estão sob o jugo de uma potência estrangeira.
Afinal, se hoje se reconhece que a nação nada mais é do que uma “comunidade imaginada”, como disse Benedict Anderson, então cabe respeitar a imaginação majoritária de um povo, em vez de impor outra a ferro e fogo.
O plebiscito de ontem, com participação minoritária, enviesada por um lado pelo boicote dos contrários à separação, por outro pela brutalidade das forças de repressão espanhola, está longe de fornecer fundamento inequívoco para a independência. O caminho seria a organização de uma consulta em que todos pudessem participar, mas isso exigiria de Madri e de Barcelona uma racionalidade e disposição para a negociação que parecem ausentes no momento.
E antes que alguém venha falar do separatismo gaúcho, paulista ou sulista, convém lembrar que a independência da Catalunha não é uma ideia inventada por algum oportunista, mas está lastreada numa longa história de relação conflituosa com o Estado espanhol, numa língua e cultura próprias e no reconhecimento geral, até na constituição espanhola, de que ela constitui uma “nacionalidade histórica”.
Romulus Maya: Bom, então com essa história de “nacionalidade histórica” vamos voltar à Idade Média, né… porque antes da unificação das coroas de Aragão e Castela no Séc. XV, com o casamento dos Reis Católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, a Catalunha HAVIA SÉCULOS já fazia parte da Coroa de Aragão. Como expliquei no programa Cafezinho no WC, na semana passada, a motivação maior é a falta de solidariedade econômica da região, rica, com o restante do país num contexto de crise.
Sobre a violência, é evidente que concordo. E já avisara ainda na semana passada: o maior cabo eleitoral dos separatistas é, justamente, o premiê Mariano Rajoy (!)
As imagens, terríveis, tornaram os independentistas… “mártires”!
A radicalização fortalece a posição dos dois polos, em prejuízo dos moderados, a favor do diálogo. Cada um – Rajoy e independentistas – estão falando, exclusivamente, às suas bases. E fortalecem-se nelas.
Luis Felipe Miguel “Há séculos” não resolve nada. A colonização europeia na África também durou séculos. Se permanece um sentimento nacional, deve ser respeitado. É uma regra de democracia e, como tentei explicar, trata-se um sentimento eminentemente subjetivo.
Romulus Maya “Sentimento nacional”… o que é isso?
Somente identidade cultural diferenciada?
Bora fazer referendo em cada reserva indígena também para secessões em dominó…
Se “sentimento nacional” englobar também independência efetiva, aí, no caso da Catalunha, vamos ter que voltar a antes do ano 1162 (!) mesmo…
Sobre “séculos” e independências na África, entre 1885 e os anos 60 do Séc. XX não chega nem a completar sequer um, não é mesmo?
Romulus Maya Quem é “catalão”?
Quem mora na Catalunha?
Há quantos anos/ gerações?
E os “mestiços”?
Essa romantização do independentismo catalão pela esquerda de OUTROS países é um anacronismo herdado dos anos do franquismo.
O lance é… GRANA!
Adriana Mattos O sentimento existe. Mas a Catalunha tem autonomia dentro do Estado espanhol, como outras regioes espanholas. Essa questao toda ai tem um motivo bem menos nobre, e do qual nao se fala tanto: GRANA. A Catalunha é rica e nao quer mais contribuir de forma solidaria com regioes espanholas mais pobres, como a Andalusia. As auto-estradas construidas na Andalusia com dinheiro (em boa parte) catalao explicam boa parte desse “sentimento”…
Romulus Maya Exato!
Evidente que a identidade cultural catalã existe… e é fortíssima. Quem morou na Catalunha (meu caso) bem o sabe.
Também há a aspiração de autonomia – já bastante realizada na Constituição de 1978, que seguiu como modelo a Constituição FEDERALISTA da (então) Alemanha Ocidental.
Aliás, o anteprojeto de Constituição foi redigido por uma comissão de 7 grandes juristas – 2 dos quais eram… CATALÃES!
Em referendo posterior, mais de 90% (!) da população da Catalunha sufragou a nova Constituição, autonomista.
E haja autonomia: mais de 50% dos gastos públicos é feito pelas Regiões Autônomas – muito mais que no Brasil “federalista”, p.e.
Sobra pouco mais ao atual independentismo do que a vontade de não mais contribuir para o “caixa comum” em Madri.
Bráulio De Britto Neves “O caminho seria a organização de uma consulta em que todos pudessem participar”… todos quem? (“Quem é o povo?”). Todos os espanhóis? Só os calalões? Catalões étnicos ou moradores da Catalunha? Nessas perguntas mal-respodidas é que se traem os movimentos e os referendos, como aconteceu no Québec. Cada vez que acontece de novo, é mais um prego no caixão do Leviatã: 1385-201_?
*
Mais sobre o tema em:
Programa @CafezinhoWc 29/9:@wcalasanssuecia e @rommulus_ discutem STF no Golpe e independência da Catalunha
Link: https://t.co/bb5YjVEtVx pic.twitter.com/zOng3GBhUd— rommulus_ (@rommulus_) September 29, 2017
Facebook Comments