? “Mala sem alça”? Sim, o (meu) “atrevimento” de millennial incomoda
por me “atrever” a criticar o “decano” do jornalismo
político Jânio de Freitas, do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo, por ter se prestado ao papel de moleque de recados do “notório” Eduardo Cunha.
(“Folha transmite chantagem de Eduardo Cunha ao Judiciário: ratos se entendem pro Réveillon?” – 31/12/2017)
Mas se tem algo dos millennials que reivindico é a ausência de ‘temor reverencial’ POR DEFAULT a quem é ‘estabelecido’/ establishment; o gosto por dinâmicas mais
‘horizontais’ de relacionamento. Um ‘republicanismo’ anti privilégios ‘feudais’, digamos.”
*
– De novo: feliz ano novo!
*
PS: tem um artigo meu de exatamente 1 ano atrás, republicado pelo Luis Nassif lá no GGN também, que tangencia o “desconforto” de (certos!) babyboomers – saudosos da época de ouro dos tais “formadores de opinião” (sic) – com estes novos tempos, menos verticalizados:
06/01/2017
Piero Leirner Conheço o André, acho que há mais de 20 anos. Fez filosofia na USP, a
gente era de turmas mais ou menos próximas. Depois voltei a encontrar ele com
uma certa frequência aqui em São Carlos, se não me engano ele estudou com o
Bento Prado. Hoje ele ainda mora aqui, embora dê aula, acho, na Unifesp, em
Guarulhos.
não sei o que deu pra sair em defesa de alguém que pode muito bem se defender
sozinho. Não sei se ele tem relações com o JF, o pai dele, o historiador Edgar
Carone talvez tivesse. A irmã do André, Silvia, se não me engano trabalhou na
FSP por um tempo.
esquisitas. Uma vez mandei uma nota criticando umas inconsistências do Luis
Felipe Alencastro num artigo para a FSP. Dias depois o Cebrap inteiro começou a
me xingar. Ouvi até que mesmo que tivesse certo, deveria ter “transmitido
o recado” na boca pequena, através dos “amigos dos amigos”.
hierarquia. Esse é o ponto todo que vivemos aqui. No Brasil há um jeito
especialmente perverso de mostrar seu horror a esse “horizontalismo”
de que fala Romulus
Maya. Aqui é cada macaco no seu
galho, e fim de papo…
Tania Tristes
momentos em que se confunde crítica livre com ataque figadal. Seu comentário
mostra bem de onde vem esse tipo de reação.
Dorotea No caso, não foi sequer o alvo das críticas – Jânio de Freitas – quem reagiu mal, mas sim uns que se arvoram defensores ou, o mais provável, aqueles que estão muito enciumados com a projeção do Romulus
Tania Exato,
Dorotea. Pelo que percebi, parece que não são só os juízes e procuradores que
se consideram uma casta, e atribuem um valor maior a uma hierarquia
ultrapassada.
Romulus
Maya Piero, perfeito. No Brasil
temos o “cartorialismo” ibérico levado ao paroxismo. O reflexo disso
na academia – a “proibição” tácita de divergências públicas e
críticas aos pronunciamentos dos “monstros sagrados” – tem um efeito
deletério óbvio para o avanço das ciências.
fora, em outra cultura acadêmica, mas tendo feito pós-graduação no Brasil,
posso te dizer que esse tipo de “tabu” é mais forte no Brasil que em
qualquer lugar!
conhecimento sem contraditório?
Piero Leirner É o que ouvimos de todos que vão por um tempo pra fora. Que há sessões públicas de críticas. Aqui vemos isso como falta de educação, no mínimo. E veja bem como foi a atitude do André: ele criticou (aí sim de forma grossa), e ele te excluiu. Não sou amigo dele aqui no FB, então nem tenho como saber se houve alguma repercussão, etc. Mas enfim, é só mais um quantum de energia somado a todo esse movimento que a própria blogosfera vem fazendo, né? As tais regras universais só valem para alguns…
Romulus Maya Piero, sobre as
“sessões de críticas”, olha que coisa: eu, como brasileiro, ficava no
início muito incomodado estando na plateia! Até perceber que o problema era
comigo!
o dever legal de ir atrás do Cesar enquanto esse desfilava por Roma em glória,
depois da conquista da Gália, falando a cada “x” metros:
“lembra-te de que és mortal!”
Professor catedrático, faz bem a decanos do jornalismo, enfim… a qualquer
“monstro sagrado”. Expressão, aliás, que Victor Hugo criou para falar
de uma…
Bernhardt!
Piero Leirner E já que você tocou na escravidão (tema, aliás, do
próprio Alencastro). Quando fui assistir Django Livre pensei na hora: porra,
esse Tarantino fez uma tese sobre a escravidão melhor que qualquer acadêmico!
Pensei nisso pelo fato de que num único filme ele articulou TODOS os
personagens. E, para mim, o mais forte de todos é aquele mordomo-capataz: o
escravo-pró-senhor, feitor, etc. Ele radicalizava o discurso do
“dono”.
Isso “caiu
no meu colo”. Não sei se você sabe, mas meu tema acadêmico é justamente a
hierarquia (por isso militares e tals). Tinha especial interesse sobre estas
estruturas que chefias em certos lugares produzem, de gerar pirâmides que geram
por suas vez outras mini-pirâmides. É uma espécie de “Estado
portátil”, que faz, por fim, que algumas pessoas, mesmo estando em planos
inferiores, produzam efeitos mais intensos do que aquelas que estão no topo, no
sentido de sustentar o modelo.
nesses casos, pode se manter quase como um ente “destacado” da vida
mundana: todo eixo de poder é percebido, pelos que estão abaixo, como sendo
realizado pelos que estão imediatamente acima. O chefe fica assim isento da
tensão máxima que o sistema produz. Então o problema passa a ser o feitor, e
não a escravidão, digamos assim.
Horta começou essa conversa sobre as classes médias aqui no FB, me toquei que
essa era uma explicação plausível para seu reacionarismo. Enquanto uma certa pirâmide funcionava nos governos petistas, a
engrenagem operava. Mas na hora em que a crise chegou e eles não puderam mais
criar sub-sistemas de distinção, aí a corda arrebentou. Isso, do ponto de vista
do feitor, representaria um afastamento do dono da fazenda. O que ele precisa
fazer então? Afastar mais ainda quem está abaixo dele, de modo a tentar
diminuir a distância relativa em relação ao andar de cima. Essa é, em resumo, a
minha leitura do que aconteceu a partir de 2013. Um reposicionamento geral
das hierarquias intermediárias….
Dorotea Fico aqui a me
perguntar como terão sido/ como serão as relações privadas desses indivíduos
tão submetidos à hierarquias públicas. Relações pais/mães-filhos/as; irmãos/ãs
+ velhos-irmãos + novos; companheiros/as; Essas atitudes de vassalagem tendem a
reproduzir/refletir a assimetria, hierarquia e autoritarismo doméstico de
origem.
curiosidade, a tese que estou fazendo chama-se justamente “domesticação e
hierarquia”…
Maria Concordo com a
maioria dos argumentos nesse caso específico. Mas me sobra certa dúvida quando
vejo Jessé Souza se propor a fazer uma crítica dos pais fundadores da
interpretação do Brasil (Freyre, Sérgio Buarque, Caio Prado, Faoro) com o
argumento – tomado de uma interpretação de “ideologia” de Burdieu,
que Gramsci elabora muito melhor, na tradição marxista – de que o capitalismo
impõe às elites a mesma visão de mundo, na Alemanha como no Brasil. Não há
história nem cultura nessa visão. Adoro as análises dele quando, com a
competência de quem dirigiu o IPEA, trata de análises concretas da elite do
atraso, os batalhadores, a ralé. Mas podia ter-nos poupado de uma
“crítica” voltada ao establishment, em especial uspiano, que parece
ser um problema dele, segundo alguns críticos. Com outros argumentos, nada
contra (eu também detesto o establishemnt da USP). Como está formulada, para
mim não dá e nem para alguns respeitáveis historiadores que se propuseram a
enfrentar a discussão (discuti recentemente Faoro com uma especialista em
História Ibérica, que diz que ele não conhecia os estudos mais recentes sobre a
política de mercês do reino, que mostra como tudo era mais complexo, o que não
invalida, porém, sua tese central sobre os “donos do poder”). Mas
parece que esse tipo de atitude está virando “modinha”, com desastres
para mim evidentes, como no caso da crítica da literatura de “invenção do
Nordeste”, destinada a demolir os ícones do “regionalismo”
nordestino, como propagadores de uma visão de dominação das elites, que cantam
a “força” do sertanejo apenas na luta contra a “miséria”
(nenhuma visão sobre a crítica que essa literatura faz das elites de poder cabe
nessa interpretação!). Em outras palavras, isto me parece uma visão iconoclasta
fácil (modinha millennial ou de dinâmica da internet, tanto faz) que fecha a
discussão sobre questões sérias que deviam ser objeto de um debate necessário.
Acho que apenas marginalmente isto se aplica ao caso em discussão aqui. Mas às
vezes tenho a impressão de que a “arrogância millennial” que Romulus
reivindica com orgulho ao seu modo iconoclasta o faz esquecer que, na política,
nem sempre se trata apenas de “ter razão”. Parece que ele se esquece
de que, para vencer, é preciso também convencer. A quem serve comprar inimigos
em todos os fronts?
Dorotea Sobre as
pirâmides de hierarquias (expressão muito adequada), Piero Leirner, fiquei pensando
nas famílias patriarcais clássicas, em que a autoridade parte do pai, mas é a
mãe que a exerce em nome dele, que fica mais ou menos livre de atuar com
violência. Assim as mulheres, mesmo sendo as principais vítimas, ficam
reproduzindo o machismo, a violência doméstica, em busca de um pequeno quinhão
de poder.
André Carone Piero, meu caro: não conheço o Romulus pessoalmente.
Aceitei a solicitação que ele me enviou por conta de amigos que tínhamos em
comum. Desfiz a amizade apenas porque o Romulus tem o hábito de marcar uma
quantidade enorme de pessoas em cada postagem que faz. Pessoalmente eu não
gosto disso. Quanto a hierarquias e outras questões semelhantes, não bem sei o
que dizer: fiz a crítica em meu próprio nome, não falo aqui por nenhuma
instituição. Mas acho que o simples fato de aparecerem pessoas que fazem referências
absurdas à minha família apenas para defender a “projeção do Romulus”
mostra que não vale a pena discutir mesmo.
sou filho do Edgar Carone. Informe-se melhor.
colocou ao lado do Jânio de Freitas. Cara, muito obrigado. Eu não merecia
tanto. Agora, deixa eu te dizer uma coisa: o que você está fazendo é assédio.
Não somos amigos virtuais, e você responde a um comentário de duas linhas com
uma agressão pessoal a alguém que você não conhece.
Romulus Maya o Piero Leirner disse:
“(…) enquanto uma certa pirâmide funcionava nos governos petistas, a engrenagem operava. Mas na hora em que a crise chegou e eles não puderam mais criar sub-sistemas de distinção, aí a corda arrebentou. Isso, do ponto de vista do feitor, representaria um afastamento do dono da fazenda. O que ele precisa fazer então? Afastar mais ainda quem está abaixo dele, de modo a tentar diminuir a distância relativa em relação ao andar de cima. (…)“
Matou a pau!
*
André Carone, defina “agressão pessoal” por favor.
“Mala sem alça” me parece muito mais “pessoal” do que
qualquer coisa que eu escrevi aqui. Que, afinal, nao foi uma crítica individual
mas sim social.
era esse (marcação no Facebook), bastava marcar a opção “não ser mais marcado por essa
pessoa”. Ou, de maneira mais madura ainda, mandar uma mensagem diretamente
para mim, por inbox relatando o incômodo. Isso é outra diferença cultural do
brasileiro: a incapacidade de dinzer “não”. Aí, no lugar disso, falam
um “sim” com que não estão realmente confortáveis. Administram…
pessoas e situações… em vez de serem diretos e resolverem o problema no
nascedouro.
no facebook… porque não quer ser marcado.
observação não cabe só a esse exemplo. É um traço da “cordialidade”
(??) brasileira que todos dividimos. Mas, morando já há um tempo fora,
realmente perdi um pouco da tolerância com essa “infantilidade
psico-social” nossa.
“cordialidade” brasileira?
perfeitamente que você, assim como o Aroeira, sempre são
contra as “brigas” públicas que compro. Ouço sempre vocês. E
respeito.
millennial” que Romulus reivindica com orgulho ao seu modo iconoclasta o
faz esquecer que, na política, nem sempre se trata apenas de “ter
razão”. Parece que ele se esquece de que, para vencer, é preciso também
convencer. A quem serve comprar inimigos em todos os fronts?”
que pode ou não ter alguma coisa prá colocar na mesa, certo? Incluindo aí
alguma troca com Eduardo Cunha, e aí se explica o silêncio da blogosfera. Mas
claro que não acredito nisso rsrsrs
“clubinho”.
“convertido” (?) em blogueiro parece que até hoje não entendeu o que é web 2.0.
apesar do embargo dos 2 lados.
infinitamente menor que lhes compete, o “não dei no meu veículo – e nos
‘associados’ – então não aconteceu”.
“praxis”?
formadores de opinião”, os leitores custaram a entender que esses caras
não são “de esquerda”. Apenas encontraram um “nicho de
mercado” diferente do do PIG, mas os métodos continuam os mesmos.
entrevista conosco e com eles ao mesmo tempo porque eles “com milhões de
acessos” iriam “dar fama” gratuitamente à gente?
ELES.
disputar número de clicks. Ainda mais com veículos massificados que, não raro,
apelam para manchetes “click-bait” e também para pautas com (falsos!)
“de-baits”. Tipo identitários radicais “lacrando”/
“polêmicas” (sic) comportamentais com MBLs da vida, etc.
“formadores de opinião” (sic), pessoas com senso crítico, reflexivas.
E não repetidores de manchetes e memes. Evidentemente o número das primeiras
será sempre menor que o das últimas.
de tapete “em off” (não foi só uma) vai morrer no político/ assessor
que tentam “dissuadir” de falar com a gente!
jornalismo do século XX…
Mas quando isso se torna parte da pauta, como no caso deste artigo, aí não tem
jeito. Chegamos a um meio termo: falo o milagre mas não falo o
“santo” – que não é nem o Alckmin nem o Cunha-lava-latrinas. rs
profissional (e de vida!) ensina.
muito tempo. Inclusive antes de conhecer o WC.
o fato de promoverem um embargo às pautas – relevantíssimas! – que vimos
cobrindo.
ANTI-ÉTICAS de “colegas” visando a nos prejudicar?
deles, prefiro fazer online shaming – mesmo que mais “sutil” – a
desistir vendo “colegas” fazendo o jogo da direita.
sendo feitas. Não vai ser eu abrir o jogo que vai gerar retaliação. A
“retaliação” já veio antes… “preventiva”. Discipulos da
doutrina Bush de ataque preventivo.
desavenças. Que é para que os interlocutores em comum em Brasília saibam que
esses que tentam queimar o nosso filme com eles nao sao
“desinteressados”.
“vaidade” ou “briga de egos” que publiquei o post
“Responde-se tentativa de bullying profissional com… indireta defacebook?!”…
21.12.17
*
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