Correios: Como enfrentar o massacre imposto pelo Julgamento do Dissídio no TST?

Por Alejandro Acosta

O Julgamento do Dissídio pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) no dia de ontem, 21 de setembro, mostrou a decisão do Governo Bolsonaro de privatizar os Correios. Tiraram todos os direitos que os trabalhadores ganharam nas últimas décadas por meio de muitas lutas.

Está valendo agora a CLT “verde e amarela”, que permite, dentre outras coisas, a terceirização total, bem como o trabalho intermitente. Retiraram 59 de 79 cláusulas do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho), e os salários dos trabalhadores foram reduzidos pela metade. Há, ainda, o recurso da ECT (Correios) ao STF (Supremo Tribunal Federal) para retirar as demais cláusulas.

Os sindicalistas permitiram que as conquistas da eliminação do desconto assistencial e os descontos em folha fossem perdidas, o que somente acontece quando há a decisão de privatizar. Como se vê, de uma tacada só, o governo Bolsonaro acabou com os direitos dos trabalhadores e o sindicalismo podre atual.

Os Correios é uma empresa lucrativa. O lucro oficial no primeiro semestre foi de R$ 300 milhões. Na realidade, o lucro anual, por cálculos que temos realizado em relação ao faturamento das agências, e ao que os carteiros entregam, deve superar os R$ 50 bilhões anuais. Acreditamos que para elucidar a farsa do déficit é preciso abrir a contabilidade da instituição.

A privatização dos Correios segue o mesmo script das demais privatizações, tanto as da época de FHC, como na atualidade. Está colocada a entrega do Brasil que ainda não tinha sido entregue, a troco de pinga, e, no caso dos Correios, por algo em torno a 2% do seu valor.

Uma questão muito similar acontece com a Petrobras, que está sendo esquartejada. Sobraram somente 7% de funcionários concursados e acabaram com as operações no Nordeste e em vários outros lugares. Os campos de petróleo estão sendo entregues até sem licitação, coisa que o próprio FHC não teve coragem de fazer. E tudo por 5% do valor dos ativos, em média.

A situação se repete no setor elétrico, nos bancos públicos, na educação e saúde públicas. O governo Bolsonaro pretende privatizar (doar) 180 empresas federais e 250 estaduais, sendo que o objetivo, para este ano, é privatizar quatro grandes empresas.

Quem luta contra essa política de terra arrasada e quem se converteu em Bolsonarista (na prática)?

Chama a atenção que haja apenas uma greve nacional contra o massacre do Brasil, a da categoria dos Correios, apesar da pressão do governo Bolsonaro e das máfias dos sindicatos, federações, centrais sindicais, movimentos sociais (como o MST, MTST, UNE) e dos partidos políticos. O que se verifica é que esses nem sequer são capazes de apoiar a greve dos trabalhadores dos Correios, ou mesmo chamar para paralisações e protestos nos demais setores, que também estão no olho do furacão do massacre.

Por que isso acontece?

Duas coisas devemos deixar claras.

A maior greve do Brasil, desde 1995, e a maior na América Latina, que dura seis semanas, foi possível porque a Gazeta Revolucionária atua ali há algum tempo, tem clareza política, e é pós-doutorada em traidores e pelegos mafiosos de todos os tipos. Ela foi possível porque a Gazeta Revolucionária tem esclarecido aos trabalhadores dos Correios, que também passaram pela experiência da greve de setembro/ outubro do ano passado, impulsionada ainda pela Gazeta Revolucionária, e quebrada pela máfia sindical em uma semana. Os trabalhadores entenderam que agora é o tudo ou nada. E com a crise em que o Brasil se encontra, se não houver luta, haverá muita fome.

A máfia sindical dos Correios é ligada às centrais e aos partidos políticos. O setor mais patronal e bolsonarista é o do PCdoB, que controla os principais sindicatos, os do São Paulo e o do Rio de Janeiro, a partir de uma das duas federações, a Findect, ligada à CTB.

No dia 21 de setembro, houve um Ato Nacional em Brasília em defesa dos Correios e dos empregos. A máfia corrupta do PCdoB não enviou ninguém e foi a primeira a aceitar a imposição do governo Bolsonaro. Dentre as desculpas, está a de que estaríamos em pandemia. Ou seja, para trabalhar e pegar ônibus lotados não há pandemia.

Também não há pandemia para roubar o dinheiro dos sindicatos, fazer negociatas ou sustentar as campanhas de políticos corruptos, como o candidato a vereador conhecido como “Nego Peixe” (um dos pelegos mais mafiosos em São Paulo) e o candidato a prefeito de São Paulo, o ex ministro dos Esportes Orlando Silva. Para defender os trabalhadores e o Brasil, aí sim, há pandemia.

Estes mafiosos levantaram a greve ontem mesmo, 21/9, em votações virtuais fraudadas; com menos de 5% dos votos dos trabalhadores da base em São Paulo (699 a favor da volta, 678 a favor de não voltar, 38 abstenções). No Rio de Janeiro, foi ainda mais ridículo: 250 votos para 15 mil trabalhadores na base.

Essa máfia patronal também é responsável pelas várias derrotas que têm acontecido desde 2004, e por quase ter matado Alejandro Acosta em 2012; conforme relatei no Dossiê dos Pelegos – Parte 3.

O PCdoB vem de uma negra história, principalmente desde 1979, quando o líder histórico, João Amazonas, voltou ao Brasil, aliado aos elementos da antiga AP (Aliança Popular), dedicando-se ao balcão de negócios. No governo Quércia recebeu vários cargos na Eletropaulo. Mais tarde, nos governos Lula, chegou a controlar a ANP (Agência Nacional do Petróleo), onde o “velho comunista”, Haroldo Lima (segundo as palavras de Lula), entregou as bases de dados da gestão da Petrobras com as informações confidenciais do Pré-Sal à norte-americana Halliburton (que foi encabeçada pelo vice de Bush Jr. Dick Chenney).

Mais recentemente, os parlamentares do PCdoB votaram a favor da entrega da Base Militar de Alcântara para os Estados Unidos.

A máfia do PCdoB é acompanhada pelos mafiosos do PT, Psol, PSTU e outros

Conforme relatamos no Dossiê dos Pelegos – Parte 2, a imposição do controle patronal do PCdoB nos principais sindicatos dos Correios foi complementada pelo controle mafioso da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) pela Articulação Sindical do PT. Os demais agrupamentos políticos vão a reboque desses mafiosos, que hoje são abertamente bolsonaristas, e ajudam a massacrar o Brasil. Os exemplos são muitos, e, a título de ilustração, vou fazer referência a três.

Ontem, dia 21/09/2020, o Sr. Halison Tenório, o mafioso do Psol/ PE, marcou a assembleia um dia antes da data oficial da federação, na qual o Sindicato de Pernambuco participa, a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores da ECT), para ele também entregar a greve de maneira fraudulenta. Ele que é responsável por inúmeras traições, um dos mais pelegos, a mudou para hoje 22/9, mas para às 14:00, e não para as 19:00, como os demais sindicatos a fazem.

Seria bom avisar à Maria Lúcia Fatorelli para tomar mais cuidado com quem faz Live, pelo menos para que esteja ciente.

No caso de Goiás, o Sindicato é controlado por uma máfia ligada às chefias vinculadas ao Dep. do PT, Rubens Otoni, um dos setores mais mafiosos. No caso da Bahia, a máfia sindical é vinculada a elementos próximos ao governador Pimenta.

No Dossiê dos Pelegos da Gazeta Revolucionária há alguns detalhes sobre isto e outros virão.

Caso Dep. Glauber Braga (Psol/ RJ)

A mensagem principal é que, conforme disse o ex ilustre Deputado Glauber Braga, estão todas as direções pelegas amarradas em dossiês do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Agora fica evidente que estão recebendo uma comissão para entregar o Brasil. Se não é assim, por que a maioria da Frente Parlamentar, em “Apoio” aos Correios, teria assinado a favor da PEC149, que privatiza os Correios? Ou seja, todos os partidos políticos estão envolvidos.

O próprio Dep. Glauber Braga ficou chateado comigo porque o expus publicamente na Live que ele fez com o especialista em firulas, Dep. Federal Rogério Correia PT/MG, junto com a máfia sindical dos Correios de Minas Gerais. Eles deletaram 15 perguntas dos trabalhadores sobre a questão dos dossiês. A minha pergunta foi ignorada.

Quando o questionei publicamente e o convidei a fazer um “Hangout” com trabalhadores que estão impulsionando a luta pela base, ele não somente se fez de morto, mas enviou um assessor a conversar publicamente comigo, pelo Facebook, para tentar me convencer de que Glauber estaria fazendo um bom trabalho junto aos petroleiros- onde a peleguice e o massacre é muito pior de que nos Correios.

É uma pena que o próprio Glauber Braga esteja no time que ele próprio havia denunciado outrora. Mas quem luta pelos trabalhadores e pelo Brasil deve analisar as coisas como elas são.

Quais as perspectivas?

Estamos perante o maior ataque contra a nação brasileira da história. Os Correios é a única resistência de massas contra esses ataques. É preciso reforçá-la porque agora é uma luta de todos os Brasileiros.

Estamos lançando a Campanha O Correios é Nosso! O Brasil é Nosso!

Vamos criar um fundo de greve para que a greve dos Correios continue até à vitória.

Enquanto os demais trabalhadores decidem-se a se defender por si próprios do massacre, e não a continuar indo que nem cordeirinho ao matadouro, eles têm a obrigação de ajudar efetivamente esta greve, pois se ela for derrotada, será muito mais difícil enfrentar o governo Bolsonaro.

É preciso denunciar todos que se venderam, sem dó nem piedade. Sindicatos, centrais, movimentos sociais e partidos políticos estão novamente extasiados com as eleições municipais bolsonaristas, enquanto está em risco a própria nação brasileira.

Os trabalhadores dos Correios irão exigir que sejam feitas caravanas dos estados para expulsar as máfias de São Paulo e do Rio de Janeiro, bem como parar a produção dos principais centros operacionais.

Os trabalhadores devem exigir que se abram as contas dos sindicatos, federações, centrais e partidos políticos, bem como retomar as organizações de luta dos mafiosos.

São os empregos, as nossas famílias e o futuro da nação brasileira que estão em jogo.

Alejandro Acosta é editor do jornal Gazeta Revolucionária.

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