Exclusivo: a “deportação” de Glenn Greenwald e o “Patriot Act” tabajara

Jornalistas, deputados, ativistas… todo mundo caiu na fake news, plantada por Sergio Moro, de “deportação” (sic) iminente de Glenn Greenwald. Enquanto isso, providencialmente, nenhum desses fala sobre o projeto de “Patriot Act” tabajara, em tramitação na Câmara dos Deputados. O PL 2.418/2019 legaliza o monitoramento – em tempo real – pelo Exército de todas as conversas mantidas no Brasil por meio de aplicativos de troca instantânea de mensagens (emails, Whatsapp, Facebook, Instagram, Twitter, aplicativos para encontros amorosos…).
Sobre mais esse furo do Duplo Expresso, e a sua vinculação a Glenn Greenwald, diz Pepe Escobar: “vocês DETONARAM desmontando toda a farsa. Existe alguma outra desconstrução a esse nível no Brasil? O ‘limited hangout’ só poderia levar a um ‘Patriot Act’. Acertaram na mosca!”

Exclusivo: a “deportação” de Glenn Greenwald e o “Patriot Act” tabajara

Por Romulus Maya

Assim como @pedrodoria (setorista de tecnologia), Merval Pereira (ambos da @RedeGlobo) também difunde versão de “acesso” indevido por parte do “arara-hacker” por meio das operadoras de telefone.
Ou seja, ataque à rede SS7 das mesmas.
(sobre isso ver aqui)
De novo: para que isso ocorresse o “arara-hacker” teria que ter a “digital” de CADA chip, i.e., o No. c/15 algarismos – ÚNICO – que vem de fábrica (código IMSI).

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Se fosse verdadeiro o relato da dupla “arara-hacker”/ Moro, ou esse No. (IMSI) tem de ter sido dado a ele (por quem?); ou ele tem de ter hackeado – ANTES – CADA aparelho, usando aplicativo de ataque (chamado “stingray”), para capturar o No. enviando um SMS “fantasma”.
(sobre isso ver aqui)
Notar: centenas de autoridades “hackeadas”, mas…. nenhum militar?!

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Pois hoje de manhã @ggreenwald enviou à @VEJA um “print” (?) de suposta conversa sua com o “hacker” (abaixo).
Notar:
– Ali, o “hacker” nega ser ele quem hackeou o celular de Moro – em contradição com o que tanto @SF_Moro como o “arara-hacker” agora alegam;
– Afirma ser 1 hacker “fodão”. Ou seja, tudo o que o “arara-hacker” não é.
Pô, o cara não usa nem VPN! “Hackeia” usando Windows! rs
Teria que confrontar, investigar, para sanar essa contradição, não?

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Só uma perícia nos aparelhos, “desnecessária” segundo a @policiafederal, Moro – e @pedrodoria! (da Globo) –, poderia excluir a hipótese de um ataque – prévio – para capturar a “digital” dos chips (código IMSI).
Lógica pura e simples: sem esse código, sem possibilidade de “spoofing” usando ataque à rede SS7 das operadoras.
Simples assim.

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Bem, se não teve ataque prévio, para pegar o código IMSI de CADA celular, então o “arara-hacker” e Sergio Moro têm que explicar como esse “minhoca” de Araraquara teve acesso não só aos Nos. de telefone como também ao código IMSI de CADA chip!
Das mais altas autoridades da República!
Você teria alguma hipótese, @pedrodoria (Globo)?

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Tudo isso, incluindo o “limited hangout” de Glenn no #VazaJato, para levar ao fechamento – clandestino – do Regime, com a promulgação do “Patriot Act” tabajara, o (discretíssimo) Projeto de Lei 2.418/2019.
Contamos, inclusive, com o selo Pepe Escobar de aprovação para essas conclusões:

“You KILLED desmontando toda a farsa. Existe alguma outra desconstrução a esse nível no Brasil? Limited hangout só poderia levar a Patriot Act. Spot on!” – Escobar, Pepe.

 

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Não, Pepe…
Não existe NENHUMA outra desconstrução a esse nível no Brasil, não…
Só o @duploexpresso mesmo.
Sozinho.
Pior: NENHUM outro veículo ou jornalista, para além de nós, fala do “Patriot Act” tabajara.
Por quê?
“Espectro total” da “guerra híbrida”?
Tá tudo dominado?

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MORO, GREENWALD E A… “DEPORTAÇÃO DE TAUBATÉ” (!): MAIS UM C.Q.D. DO D.E.!
E a guerra híbrida não para…
De novo, vou expor aqui o grau de simulação na “briga” entre Glenn Greenwald e Sergio Moro.
Capítulo do dia: “a ‘Portaria Greenwald’, editada por Moro para poder deportar o pobre Glenn (sic)! E de No. 666! Agora é ditadura mesmo!”

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Esse novo “telecatch”, entre Greenwald & Moro, só engana leigo.
Tenho dois mestrados (UERJ/ Universidade de Barcelona) e cursei PhD (Universidade de Berna, Suíça) em direito internacional.
O tema da saída compulsória de estrangeiro faz parte dessa disciplina.
Deportação é medida administrativa – não judicial – para saída compulsória do estrangeiro NA ENTRADA no país ou em caso de ESTADIA IRREGULAR.
Pessoa sem visto, p.e., ou com visto vencido.
Obviamente, NÃO É CASO DE GREENWALD!

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Greenwald, cuja formação é em Direito!, conhece perfeitamente a diferença entre as 3 modalidades de saída compulsória de estrangeiro:
– Deportação;
– Extradição; e
– Expulsão.
Anote: NENHUMA DAS TRÊS pode ser usada contra Greenwald, desde a aprovação em 2017 da Lei de Migração, em substituição ao Estatuto do Estrangeiro (de 1980).

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(antes, com o antigo Estatuto, de 1980 (Figueiredo, Ditadura), havia a figura da EXPULSÃO – e não DEPORTAÇÃO! – do estrangeiro considerado “nocivo ao interesse nacional”. Obviamente, isso sequer tinha sido recepcionado pela Constituição de 1988)

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Notem a tentativa de sequestro de pauta; e o nível da simulação entre os canastrões Moro & Greenwald:
– Moro publica a tal Portaria, NESTA SEMANA. Ou seja, a semana em que pegou o “hacker do Greenwald” (sic);
– Moro dá à Portaria o (ultra) midiático “No. da Besta”: “666” (!)
– Greenwald – atenção: que é advogado e não leigo! – corre a divulgar o fato no twitter (ver prints acima), como se fosse um “ataque direto”. “Terrorismo”, diz ele.
“Terrorismo”?
Que nada: TE-LE-CATCH!

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Pergunta:
– De quantos tontos você recebeu, nesta manhã, cópia dessa tal “Portaria 666”?
– Até com o nome de “Portaria Greenwald” (!)?
– Espalhou como rastilho de pólvora, né?
Mesmo sendo mais uma SIMULAÇÃO, em espectro total, da guerra híbrida. Repito: nenhuma das hipóteses de saída compulsória de estrangeiro são aplicáveis a Greenwald. E ele sabe disso!
Tudo isso foi disseminação espontânea?
Todo mundo no Brasil agora começa o seu dia lendo o Diário Oficial da União?? ?

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Acorde!
Pare de ser manipulado!
Pelo menos, com tanta facilidade, cacete!
(suspiro)

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PS: o Brasil 247, parte da operação de espectro total, afinal, estampa em sua capa, de forma dramática:
“Moro publica portaria que pode significar a DEPORTAÇÃO (sic!) de Glenn Greenwald”.

Poxa, não tem uma porrada de advogado – sobretudo do PT Jurídico – lá?
Tem, sim: Carol Proner, Pedro Serrano, José Eduardo Cardozo, Tarso Genro, Eugenio Aragão (três ex Ministros da Justiça, afinal)…
Até o próprio Haddad!
Muitos aí, parte do “Conselho Editorial” até.
Ao alcance de um telefonema, todos eles.
Portanto, “ignorância” não é…
É, isso sim, o tal “espectro total” da “guerra híbrida”.
O Duplo Expresso avisou, não?

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Enquanto isso, no Congresso…

Deixa de passar vergonha, @samiabomfim.
Antes de falar M. no twitter vá ler sobre o que é “deportação”.
Você é Deputada!
Não há deportação possível de alguém DOMICILIADO no Brasil!
Deportação trata exclusivamente de entrada ou permanência irregular de estrangeiro no território. De visto.

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“Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada compulsória de pessoa que se encontre em SITUAÇÃO MIGRATÓRIA IRREGULAR em território nacional” – Lei 13.445/2017 (Lei de Migração)

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@ggreenwald – que é advogado e sabe disso – resolveu faturar essa baboseira psolista, claro…
(@NildoPsol, esses seus colegas de partido, hein…)
Deu logo RT:

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Aliás, faturar é a onda dele mesmo: Greenwald partiu para a “lacração” em nível… internacional.
Mesmo sabendo que não há “deportação” possível no caso dele, indivíduo DOMICILIADO no Brasil.
(e não um imigrante irregular, sem visto)

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Sequer EXPULSO Greenwald pode ser diante da revogação do Estatuto do Estrangeiro (lei da Ditadura, de 1980) pela Lei de Migração, de 2017.
Não existe mais a figura da expulsão de estrangeiro considerado “nocivo ao interesse nacional” (sic).

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versus…

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Muito menos haveria que se falar em “extradição” de Greenwald, já que nenhum país estrangeiro a requisitou por eventual crime cometido por ele nesse outro país.
Repito: NENHUMA das (3) hipóteses de saída compulsória de estrangeiro – deportação, expulsão e extradição – se aplica a @ggreenwald!
E ele sabe disso.
Mas FINGE que não.

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Sucesso!

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Se fosse para botar para quebrar…
(e não fazer apenas “Telecatch” e sequestrar a pauta)

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Até tu, Glauber? rs

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A Globo joga pelo fechamento do Regime?

Atenção aos grifos neste verdadeiro clamor de Pedro Doria, setorista da Globo para tecnologia (e também “spin dr.” de Sergio Moro):

1 de 10. A questão é a seguinte: um grupo de hackers fuleiros, o que a turma chama de script kiddies, ou seja, os mais fuleiros de todo o mundo hacker, ganharam acesso às comunicações de toda a República.

Esta é uma história gigante.

2 de 10. É uma história gigante pela gravidade contra a Segurança Nacional. Se estes caras fazem isso, ora: os EUA estão ouvindo tudo o que as autoridades brasileiras conversam. A China está ouvindo. A Rússia. A França. A Venezuela. Cuba. Quem vcs quiserem.

3 de 10. Se ocorresse nos EUA, seria manchete por semanas de todos os jornais. Na França, no Reino Unido, na Alemanha.

É um escândalo gigantesco e da maior gravidade.

4 de 10. Quem primeiro teve acesso a esta informação foram os jornalistas do Intercept.

Agora está claro que, desde o início, eles sabiam que um grupo hacker estava em ação. Passaram esta informação à Veja.

https://abrilveja.files.wordpress.com/2019/06/glenn-greenwald-2019-508.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=680&h=453&crop=1

Glenn Greenwald revela diálogo com fonte de mensagens vazadasEm conversa com fundador do site The Intercept Brasil, hacker diz não ter invadido celular do ministro Sergio Morohttps://veja.abril.com.br/politica/glenn-greenwald-revela-dialogo-com-fonte-de-mensagens-vazadas/

5 de 10. A postura do Intercept, quando outros jornalistas começaram a investigar o aparente hack foi a seguinte: quem está se preocupando com o hacker está querendo disfarçar o problema real que é o da postura do então juiz Sergio Moro e a Força-Tarefa da Lava Jato no PR.

6 de 10. Não era.

Mais de uma vez não só eu como outros apontamos para o fato de que isto sugeria um problema sério de Segurança Nacional.

Ao se descobrir que os atacantes são script kiddies só piora. E muito.

Mas abriu-se, no jornalismo brasileiro, um racha.

7 de 10. De um lado quem dizia que investigar a origem da informação era da maior importância. Do outro quem dizia que era irrelevante.

Sim, Sergio Moro foi um juiz parcial, como mostram os vazamentos.

Só que, ontem, a história ficou muito maior do que a Vaza Jato.

8 de 10. A esquerda, cuja única preocupação é atacar a operação, vai continuar tentando bater no bumbo de que a única coisa relevante nessa história é a postura de Moro e Dallagnol.

Se fosse em qualquer outro país do mundo, esta dúvida sequer existiria.

9 de 10. A ação do Intercept é legal e seguiu o método jornalístico.

Mas é hora de perceber que há uma história muito maior em curso.

Acreditar que ainda é possível interditar este debate é irresponsável.

10 de 10. O Estado brasileiro foi irresponsável com sua segurança. As equipes responsáveis pela segurança de informação do governo têm explicações a dar.

Ou, então, o governo terá de explicar porque não deu a este time os recursos dos quais precisa.

 

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Extras: Thais Moya e Piero Leirner

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O que esse Pedro Doria ganha com essa conversa? Estive pensando em algo que vai além de servir de correia de transmissão dos patrões (Rede Globo). Essa sequência é basicamente uma “chancela da imprensa especializada” para se dar a largada OFICIAL à contagem da bomba-relógio do Estado Profundo brasileiro.

Quem quiser se lembrar, saberia que já faz tempo que o Brasil foi alvo de espionagem. Queria saber o que o “especialista” em questão disse na época. Mas agora ele entra em um novo patamar. Na insistência da ideia de que todo Estado está fragilizado, praticamente faz um apelo a uma “11a medida contra a corrupção/insegurança”. É preciso ter em mente que essa é uma conversa que está sendo martelada dia e noite no Brasil há anos.

Começa com a ideia de que as cidades se tornaram ambientes insuportáveis. Em ano eleitoral, o exército lança uma ofensiva, que é uma enorme Operação Psi, com a intervenção no Rio, para testar apenas uma única coisa: se as pessoas passarão associar as Forças Armadas à ideia de ordem. Não foi algo para “resolver o problema” das drogas, assaltos, etc. Teve 2 objetivos: 1) travar o Congresso e aprofundar o caos do Governo Temer; 2) induzir a percepção de que só um poder extraordinário resolve a situação. Ou seja, eles criaram uma profecia auto-realizável. Como a gente tem dito há tempos, a ideia é criar o caos para vir com a solução de ordem. Guerra Psicológica de Espectro Total.

Pois bem, a primeira parte do plano deu certo: conseguiram gerar caos suficiente para que Bolsonaro fosse eleito. Agora vem a segunda. Já repararam que estamos desde o começo do ano testemunhando constantes “furos” de segurança? O miliciano vizinho; a “ameaça à Amazônia”; os 39 kg de coca no avião; os “terroristas” da SSS; e agora, o ápice, o “hackeamento geral da Nação”. Isso sem contar as coisas de sempre, assassinatos, rebeliões, golpes, estelionatos, etc., que “sufocam” a todos nós.

Podem esperar que o aprofundamento dessas situações-limite vai ser cada dia mais intenso. Então voltemos ao Pedro Doria. De um lado, é óbvia a missão da Empresa de defender Moro. Mas passa disso. Romulus Maya tinha nos alertado (e alertado ao próprio) para o fato de ele incorrer numa sunk cost fallacy (grosseiramente falando, aquela coisa do apostador que perde por sempre insistir na aposta, mesmo próximo à sua bancarrota, ao invés de sair do jogo ainda com alguma coisa no bolso). Mas com a sequência abaixo algo novo me ocorreu.

Ele é um comentarista, e, até onde sei, muito bem cotado. Com essa posição, e com o Estado Profundo arrombando a porta, ele pode ter calculado que subirá umas duas ou três casas na escada para o céu. Poderá se tornar no cara que 1) alertou para o “grande problema”, e, depois da resolução, dizer “eu disse”. Profecia auto-realizável, de novo; 2) Poderá ter uma posição mais importante no espectro jornalístico, já que, a partir desta semana, segurança eletrônica será top-tema, se bobear superará as idiotices da Miriam Leitão. Portanto, pode ter um cálculo racional aí. Tomara que não.

Seja como for, se a profecia auto-realizável se realizar, e tudo indica que sim, acontecerá, será necessário ver qual é o nível da aposta que a banca está pretendendo levar adiante. Se vai seguir o mantra da clandestinização da esquerda a partir das teses sobre o Foro de São Paulo e o “Gramscianismo” – contemplando certos porões que vêm de longe -, ou se vai apostar numa solução em que a retórica anti-petista fica como teatro para a manipulação do jogo político, e aí a eleição passa a ser um momento a mais de controle da “central de ações psicossociais” que tem feito do Brasil um belo laboratório.

 

 

 

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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