Urgente: EUA planejam derrubar avião brasileiro e culpar Venezuela?

Publicado 16/mai/2019 – 10:31
Atualizado 17/mai/2019 – 10:46 – repercussão na Rússia (ver final)

Urgente: EUA planejam derrubar avião brasileiro e culpar Venezuela?

Por Romulus Maya & Piero Leirner
(participação de Pepe Escobar)

Vimos, já há algumas semanas, atentando aqui no Duplo Expresso para o que parece ser o plano para um atentado de “falsa bandeira” (false flag) – bancado pelos EUA – para gerar uma guerra por procuração com a Venezuela, usando o Brasil como títere/ bucha de canhão.

Juntamente com o antropólogo Piero Leirner vimos abordando a tese no programa. Inclusive, discutimos a mesma no desta última terça-feira com o correspondente internacional Pepe Escobar:

 

Pois ontem e hoje tivemos desdobramentos importantes, reforçando essa hipótese. Numa tentativa de dissuasão, temos insistentemente alertado para as inúmeras “coincidências” que vêm se somando nesse tocante, tanto no programa como nas redes sociais (ver abaixo).

É estarrecedor – embora não surpreendente (infelizmente) – que até aqui nenhum outro veículo “de esquerda” no Brasil tenha feito coro (embora tenham tomado ciência, inclusive por troca de mensagem privada).

Ora, trata-se de um possível (falso) estopim para uma guerra – desgraçada – entre Brasil e Venezuela, cujo impacto iria muito além das fronteiras de ambos os países e da América do Sul, sacudindo a balança na delicada – e tensa – “paz armada” entre o Império Anglo-Sionista, decadente (e por isso mais agressivo) mas ainda hegemônico, e as potências eurasianas emergentes – Rússia e China à frente.

Ou seja, não são “apenas” vidas brasileiras colocadas em risco, mas o próprio planeta.

Olha aí a narrativa para o atentado false flag mais que cantado em prosa e verso aparecendo p/3a vez (!) em duas semanas: “Venezuela associada ao narcotráfico e ao TERRORISMO”. Agora, na boca de Eduardo Bolsonaro, o chanceler informal do Brasil, falando – simplesmente – em palestra na Escola Superior de Guerra!
Direto da fonte, não?
A estória de “ELN + Hezbollah + mísseis russos IGLA na faixa de fronteira com o Brasil” já saiu na semana passada no Globo e, nesta, no Estadão, conforme vimos noticiando no Duplo Expresso.
EUA querem derrubar avião cheio de criancinhas brasileiras indo à Disney conhecer o Mickey?
E culpar Maduro?
Um novo “incidente” do Golfo de Tonquim (Vietnã)?
Ou, mais próximo, um novo “ataque” ao USS Maine (Cuba)?
Maduro deveria fechar seu espaço aéreo. Para já.
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Notem, ademais, a tática de comunicação: usa a polêmica “bomba nuclear” como click-bait (isca para cliques). E contorna, assim, a saturação com o tema Venezuela, passando – do mesmo jeito – o recado:

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Vamos colocar umas peças a mais nesse quebra-cabeças. Vejam o DE de hoje que isso será comentado, depois da participação da Thais Moya. Vou desenhando por números, para ficar mais fácil.

1. Me parece que já está bastante evidente que nas últimas duas semanas se intensificou (para mim propositalmente) uma oposição entre Bolsonaro e militares. Ela foi terceirizada entre Olavo + Filhos / Santos Cruz + Villas-Boas. Lembrem-se que sempre temos que ter uma coisa na cabeça: abordagem indireta. Do meu ponto de vista, isso é só a continuação de um padrão que já estava dado lá atrás. Os militares têm todo interesse em enfraquecer Bolsonaro, pois ele é um problema para as FFAA, com seu potencial carisma incidindo diretamente sobre parte da cadeia de comando. Eles precisam arrumar a casa, e estão aos poucos colaborando para Bolsonaro se queimar. Isso não ocorre sem riscos, evidentemente todas as pirotecnias de Bolsonaro respingam hoje na Instituição Militar, embora eles neguem o tempo todo que têm alguma coisa a ver com o Governo. Por isso Mourão fala o tempo todo em um “regime de aproximações sucessivas”: nada pode ser explícito, o jogo dá mais certo quanto menos se perceber sua articulação.

2. Evidentemente essas contradições tendem a entrar numa espiral de intensidade, pois sempre se coloca uma sobre a outra. Esse é, como temos dito, o centro da Opsi ativada a partir da etapa eleitoral da guerra híbrida. Uma contradição e sua solução de ordem. Houve uma mudança de chave depois de 1o de janeiro, pois antes a solução era canalizada para Bolsonaro, a partir dessa data a chave virou para Mourão. Eu acho que essa era a estratégia dos militares “gauchistas” desde sempre. Mas vamos lá. A questão é sempre qual o “ponto de ruptura” ou “solução”. Não tem mágica aqui, como um lado intensifica o outro, a gente só vai saber se (a) Bolsonaro cair ou (b) os militares forem enquadrados. Ambos os horizontes são os vetores para os quais essa contradição aponta. O ideal para ambos é que ela se estendesse ad infinitum, mas pelos indícios que o post do Romulus levanta, tem algo se precipitando de maneira irreversível.

3. Eduardo Bolsonaro na ESG. Isso é estranho de cara, para mim levaram ele lá para sacar o termômetro. E temos agora essa medida. Como bem notou o Romulus, ele sacou que todo mundo ia morder a isca sobre a bomba atômica, mas o que interessa para valer é a conversa sobre a Venezuela. Ele ressaltou a armação de “false flag” que está ocorrendo ali na fronteira, com a história da aliança da narcoguerrilha com o Hizbollah. Essa armação começou na semana passada, como discutimos no DE então, e ontem com o Pepe Escobar. Permitam-me abrir um parêntese aqui:
a) Há um precedente de ataque de guerrilha a militares brasileiros; a história que ficou foi essa: em 1991, houve um ataque das FARC a um destacamento de fronteira, três militares foram mortos e vários feridos. Teria sido uma represália das FARC à repressão que o EB fez a garimpos que os financiavam. Toda essa informação foi construída pela Intel brasileira. Isso ficou como “paradigma” na região, e, tenho a impressão, deu o impulso necessário para efetivação da Brigada anos depois na região de São Gabriel. Agora temos contingente lá, pelotões, etc.
b) Esses Pelotões sobrevivem basicamente a partir de vôos mensais da FAB, que despejam mantimentos e familiares dos militares que estão lá. Fiquemos com essa imagem: aviões com famílias de militares andando pela fronteira, pousando em Maturacá, passando por Cucuí, etc. Do lado onde está o que? Aquilo que Eduardo Bolsonaro cantou a bola, narco-terroristas portando mísseis IGLA (terra-ar, bons para derrubar aviões).
c) Quem construiu essa informação? Ela saiu inicialmente da “Intel colombiana”, como tantas outras (os cubanos em Caracas; os S-300 na fronteira com pacaraima, etc.). Todas sem a mínima prova (fotos, documentos, vídeos, etc. Tudo com cara de info plantada pelos EUA.
d) Eduardo Bolsonaro prensou os militares, disse que eles vão lá para combater. Essa foi a mensagem que importa.

4. Por que isso está sendo ventilado agora? sabemos bem das ligações de Eduardo com Trump e os 2 psicopatas que estão provocando conflitos all over. Meu palpite é: talvez os malucos do Trump tenham detectado que Mourão tá se mexendo mais rápido do que parece e vão apressar as coisas na Venezuela. Mas isso para garantir o trumpismo no Brasil. Vamos lembrar que se tem “estado de guerra”, ao mesmo tempo estão neutralizados os militares e o congresso. Para tudo, e os malucos ficam com o caminho pavimentado. Vejam: está se criando uma false flag lá em cima para neutralizar as manobras dos militares que estão no Governo e alhures.

5. Curiosamente, nessa mesma semana pipocaram de novo duas notícias: o inquérito sobre o Queiroz e a facada. E pode ter mais coisa. Mas a facada é perfeita. Seria uma bomba que enterra definitivamente o Bolsonaro. Eles tão vazando aos poucos a ligação do Adélio com aquele filho que estava no clube de tiro em SC. Acho que é esse o sentido da chapa ter esquentado justo na ESG.

6. A questão é delicada, pois me parece que o Brasil entrou de vez no mapa americano. Precipitar isso aqui, para eles, tem a vantagem de abrir uma guerra por procuração. Já os militares estariam encurralados: já imaginaram um IGLA abatendo um Hercules C-130 cheio de mulheres e filhos de militares?

Vamos ainda ver a sincronia de muitas dessas coisas essas próximas semanas. Lembrando: Mourão está indo para a China. Vamos olhar para o Irã, que está conectado. Vejamos os desdobramentos dos movimentos que vão ocorrer, lembrando que nada é por acaso.

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O Plano dos EUA para derrubar avião brasileiro e culpar a Venezuela.
Como atentou Piero Leirner ontem, ideia deve ser derrubar avião militar, com familiares de militares, e criar guerra por procuração Brasil vs. Venezuela.
Mais: ontem EUA proibiram voos p/Venezuela. Evitando serem pegos por engano.
Não teria como os EUA não entrarem – diretamente – em guerra se o avião fosse seu.
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Em paralelo: toda a elite do poder “brasileiro” foi à matriz nesta semana. De um lado, a viagem de Bolsonaro ao Texas. Do outro, foram para evento do BTG Pactual em Wall St. (!): Presidente da Câmara, do Senado, do STF, parlamentares do PT. Cada lado vendendo para a chefia que entrega mais e melhor que o outro o Brasil. As coisas estão mesmo se acelerando.

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Mais que na Cabeça, o problema é na “Nuca” do Cachoro

Muita atenção na “false flag” que estão armando. Vou insistir nisso porque acho que é sério. Retomando:

1. O New York Times tem acesso, via CIA, a “arquivos secretos” que mostram conexões de Maduro com Hizbollah e a narcoguerrilha colombiana, através de um “homem de confiança” dele (aqui).

2. O Defesanet publica em 06 de maio que a Venezuela estaria treinando o ELN (a tal narcoguerrilha colombiana) em seu território a manipular mísseis terra-ar (aqui).

3. Globo e Estadão, com intervalo de uma semana, juntam essas duas infos e disparam a notícia. (Globo; Estadão).

4. Eduardo Bolsonaro anteontem dispara na ESG um cenário de guerra com os atores envolvidos nas descrições acima (síntese disso elaborada por Romulus Maya e por mim acima)

5. Nas últimas horas, os EUA restringiram o espaço aéreo Venezuelano, reforçando a tese de que estão armando guerra por procuração.

Será que os Venezuelanos estão ligados que o cenário é outro?
a) será avião militar do Brasil?
b) tem satélite olhando para a fronteira?
c) eles conseguem detectar uma “false flag” lá?
d) Os “zeros-Bolsonaros” estão monitorados nas suas movimentações?
e) se vazar um plano, cai Bolsonaro, Trump e todos os psicokillers do entorno. Oportunidade única, “mosca branca”, como se diz no comércio de autos.

6. Vejam os mapas abaixo:

Este é o hotspot. Cucuí, na tríplice fronteira, tem um PEF (Pelotão Especial de Fronteira). Tem FAB voando lá, com família de militares e suprimentos. É grudado na Colombia e Venezuela. Os IGLAS podem sair de qualquer lugar.

Espero estar completamente equivocado nessa; mas evidentemente o campo “psi” já foi criado, portanto em termos militares o fato está criado. Aqui não tem outra, há lado a ser tomado: rezar para as FFAA abortarem esta operação. Espero que eles saibam que não há o que ganhar com isso. Seja como for, no site do 5o BIS está escrito que “segundo os nativos da região, Cucuí significa Caído do Céu”.

PS importantíssimo do Eduardo Simantob:
– mais uma pecinha pro quebra-cabeça: hoje cedo fomos aqui (Zurique) surpreendidos com a notícia que Trump convocou de última hora e em caráter de urgência o presidente da Suíça Ueli Maurer para uma reunião hoje na Casa Branca. Maurer tb foi pêgo de surpresa, mas para contextualizar: desde a revolução islâmica no Irã, a diplomacia suíça representa os EUA em Teerã; o mesmo modelo foi montado agora quando Maduro fechou a embaixada americana em Caracas. São justamente esses dois barris de pólvora que estão na ordem do dia do Pentágono right now. Vejo isso como preparação para algum tipo de ação, em algum desses teatros ou em ambos ao mesmo tempo. Mike Pompeo, aliás, esteve essa semana em tête-à-tête com o Lavrov na Rússia, talquei?

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Juntando os pontos, no Duplo Expresso desta manhã:

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Convocação:

– Precisamos denunciar esse plano, cantado em prosa e verso, o suficiente para que uma armação, iminente, já nascesse desmoralizada. Tudo isso para, oxalá, dissuadir a sua própria concretização. Portanto, o objetivo dessa nossa “profecia” é impedir a sua própria realização. Mãos à obra, leitor(a)!

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Atualização: a repercussão dessa pauta na Rússia, por “CST Command

Da seção de comentários, abaixo:

Com cautela, a imprensa russa aceitou as recomendações dos EUA para não sobrevoar a Venezuela a baixa altitude (aqui).

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O mais suspeito é que, há alguns meses, os Estados Unidos compraram antigos sistemas de defesa antiaérea portáteis soviéticos na Ucrânia (aqui).

Os Estados Unidos também possuem os mesmos sistemas de mísseis antiaéreos russos que o exército venezuelano (aqui).

Por quê? Há uma suspeita de que esses mísseis podem ser usados ​​em provocações – se o avião for abatido por um foguete soviético, todos culparão a Venezuela por isso.

 

 

 

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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