Abestalipse
Arte por Sama & texto por Carlos Krebs, para o Duplo Expresso:
Apocalipse vem do grego apokálypsis, que significa “revelação” ou “ato que mostra algo“. Em sentido figurado, pode significar o discurso obscuro ou um cataclismo. O que a maioria de nós sabe é que o apocalipse descrito na bíblia cristã narra e descreve simbolicamente o final dos tempos.
Brasil, o “País do Futuro”. Sejam bem-vindos! Aqui estamos! O amanhã chegou a galope largo, na contramão da história. Aliás, vivemos no país em que a história política vem de mãozinha com a histeria ideológica. Os crentes mais fervorosos poderiam acreditar que o futuro seria apocalíptico. Não, zero! O futuro será abestalíptico…
Dentro do nosso sincretismo político, quem são os verdadeiros senhores da destruição? Os que chegam montados neste “aparelho”? (no caso, a expressão refere-se ao “abaixo do medíocre”, não a um eventual dom mediúnico).
O Cavaleiro da Peste – “E eu vi, …e o que estava sentado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu vencendo…” (Apocalipse 6:2) Moro veio em formato de arco, a besta para as flechas de alvo único. E com ele vieram muitos a corromper a escritura sagrada da nação – a Constituição –, e seu livro de ouro anexo – o Código de Processo Penal. Ele foi a mão que investigou, julgou e puniu não apenas um homem, ou um partido, mas todo o povo.
Mas ele não cavalga sozinho.
O Cavaleiro da Fome – “E eu vi, …e o que estava sentado nele tinha uma balança na mão.” (Apocalipse 6:6) FFHH – O príncipe, o acadêmico imortal e letrado, o homem com 10 dedos nas mãos e 66 dentes na boca(rra). Ele já esteve aqui antes. Mantinha o prato da justiça econômica cheio de moedas aos bancos, e o prato do colapso social sempre ariado, polido e… vazio. Na sua estrada encantada, a cada 5 minutos uma criança morria de fome. Uma criança morria. De fome. A cada 5 minutos.
Mas ele não cavalga sozinho.
O Cavaleiro da Morte – “Então ouvi …: ‘Venha’ e apareceu …o cavaleiro era Morte, e o Inferno o seguia de perto.” (Apocalipse 6:7) Temer deixou de ser a figura decorativa do Planalto apenas porque “…qualquer coisa é melhor que a Dilma…” e ele já estava ali, dependurado no teto de cabeça para baixo. Ao pisar no chão, estabeleceu que isso seria o teto para nós brasileiros. Por vinte anos. Cortou benefícios, direitos e o amanhã pretendido com o Pré-sal. Estendeu à camarilha as benesses de que a lei trabalhe exclusivamente aos poderosos. Ele é a morte, embora continue cada vez mais vivo.
Mas ele não cavalga sozinho.
O Cavaleiro da Guerra – “E saiu outro, …e ao que estava sentado nele foi concedido tirar da terra a paz, para que se matassem uns aos outros…” (Apocalipse 6:4) Mourão é, na verdade, artilheiro. Daí, talvez, a falta do jogo de cintura para manter-se sobre o lombo do “aparelho”. Mas não se enganem: sua mão pesada jamais afrouxaria o controle de sua trupe intrépida. Apesar de vir no rabo, ele pode ser o cérebro do ilusionismo.
Por eliminação, já sabemos que o Brasil não será destruído nem por um meteorito – as estatísticas astronômicas comprovam a improbabilidade disso –; nem pelo holocausto zumbi – os nossos cérebros já foram devorados, então eles talvez prefiram atacar nossos hermanos aqui na América. E para quem estiver em dúvida se resistiremos a este abestalipse travestido de democracia, tenham certeza: nossos cavalinhos são maiores e correm mais longe. Vamos para cima deles!
Saudações Samânicas!
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