Lava Jato rompe “pactos secretos” e prepara grande armação. Para cima de quem?

Por Romulus Maya, para o Duplo Expresso

Lava Jato rompe “pactos secretos” e prepara grande armação. Para cima de quem?

 

ATENÇÃO: ACONTECE ALGO EM CURITIBA!
Esse movimento da Lava Jato indo atrás, agora, de Maurício Ferro e de Guido Mantega (ver reportagem do Globo no final) representa a quebra de acordos – ocultos – com a Odebrecht e com o PT, respectivamente.
Por que isso agora?
?

 

 

Ferro é diretor jurídico da Odebrecht, cunhado de Marcelo e genro de Emílio. Foi quem estruturou o tal “Departamento de Propina”. E, no entanto, sempre foi blindado pela Lava Jato. Isso teria mudado agora? Talvez, mas parece que não. Explicamos mais adiante.

Já Guido Mantega, no dia em que foi levado do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em prisão temporária anos atrás (logo depois relaxada), avisou desde logo ao PT que não daria nem 24h na cadeia – caso voltasse – antes que começasse a delatar. Certos membros do PT, então, entraram em entendimentos com Sergio Moro e entregaram coisas de interesse da Lava Jato, para evitar que isso ocorresse.

O atual líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, disse internamente que parte desse preço teria sido rifar o depoimento explosivo do ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, na CPMI da JBS, em 2017. Toda a sua fala, extremamente danosa a Sergio Moro, foi retirada do Relatório Final. Como se não tivesse existido.

Tal relato, de Pimenta, a quem lhe cobrava a esse respeito é apenas parte da verdade. Outra condição imposta por Moro foi agir com todos os seus meios para detonar a mim, Romulus Maya, e ao Duplo Expresso. É aí, no final de 2017, que começa a sua campanha (primeiramente clandestina) contra nós.

No caso de Maurício Ferro, e sua blindagem, certamente deve ter entrado uma gorda triangulação pagando um “por fora” vultoso como também cooperação desse que era simplesmente o chefe do tal “Departamento de Propina” para preservar tucanos – e pegar petistas.

Ferro saiu blindado. Assim como a Braskem, subsidiária da Odebrecht – em sociedade com a Petrobras – que vem a ser simplesmente a gigante monopolista da petroquímica no Brasil. A Braskem foi blindada pelo fato de suas ações e receitas constituírem a garantia real da Banca contra eventual calote da dívida – bilionária – da sua controladora, a Odebrecht.
Afinal, como diz o ditado, “a Banca sempre ganha”, não é mesmo?
Ai da Lava Jato, mexer com a Finança…
(em princípio…)
Ouvi também tempos atrás, de fonte no mercado financeiro, que a empresa teria ainda os Marinho como sócios ocultos. Mas nunca pude confirmar tal informação.

E por que, depois de anos, a Lava Jato estaria traindo esses acordos ocultos?
Com o PT e com a Odebrecht (e a Banca)?
Secou a fonte do “por fora” que vinham extorquindo até aqui?
Precisam de alavancagem?
Por quê?
Sentem-se sob ameaça?
Ou trata-se de outra coisa?
Entender essa mexida no tabuleiro é o mais relevante nesta rodada. De resto, mais do mesmo: mentiras em série numa simulação de “investigação” (como indicamos mais adiante).

Em tempo: o @duploexpresso vem, isoladamente, relatando essa história desde o final de 2017.
Podemos falar do tema livremente porque, ao contrário dos citados, não temos rabo preso com ninguém. O que inclui o PT.

Aliás, quem tem o rabo preso são todos esses. No entanto, quem acaba pagando o seu resgate é o povo brasileiro, que assiste à desconstrução do país sem que haja oposição de verdade, mas apenas reféns (de múltiplos dossiês) fazendo “Telecatch”.

Como discutido no programa @duploexpresso de hoje, o mais provável – diante da narrativa apresentada – é que se trate de uma nova armação entre a “investigada” (sic) Odebrecht e a Lava Jato. Agora, usando – de comum acordo possivelmente – o próprio Mauricio Ferro.

Confira:

 

Sobre as armações anteriores – algumas delas grosseiras – ver artigo do início de 2018, que passou das 200 mil leituras e, no entanto, todo o PT finge que não viu: Exclusivo: áudio bomba – das entranhas da Odebrecht – detona de vez a Lava Jato! Trata-se do relato bombástico, registrado em áudio inclusive, de ex-funcionário do TI da Odebrecht contando toda a trama de ocultação e, ao mesmo tempo, fabricação de “provas” pela dupla Lava Jato/ Odebrecht, a suposta “investigada”.

 

O relato plantado no Jornal O Globo de ontem pode enganar apenas quem não tinha conhecimento desse artigo do Duplo Expresso e não acompanhou a farta cobertura que fizemos sobre a saga dos “documentos” utilizados pela Lava Jato como “prova”.

Como pode “surgir” agora, numa “batida” na casa de Mauricio Ferro, uma “chave eletrônica” de acesso para duas supostas “pastas secretas” de lançamento de propina da empresa, supostamente em posse da Lava Jato há anos (embora bloqueadas)? Ou seja, 3 anos depois de a Odebrecht ter negociado e fechado o acordo de leniência para a empresa e o pacotão de “delações” dos “77 executivos”, ainda em 2016?

Insultando a inteligência do público, o delegado da PF – responsável pela batida – planta no Globo que é porque “Mauricio Ferro optou por não fazer delação naquela época”.

Ora, mas é claro! Blindado – mesmo sendo o chefe do “departamento de propinas”! –, nunca foi investigado ou processado pela Lava Jato! Como negociar qualquer delação que fosse então?
Por favor…

Na verdade, muito mais sentido faz a hipótese de tais “chaves” terem sido plantadas na casa de Mauricio Ferro, de comum acordo com o próprio inclusive. É desinteligente supor que um alto executivo da Odebrecht, membro do próprio clã familiar (visado, portanto), guardasse há anos – em gavetinha na sua mesinha de cabeceira – provas de crimes… envolvendo a si!
Tudo ali…
Só esperando a Lava Jato chegar…
— … 3 anos depois!
Tá bom…

Como sabemos todos, a Lava Jato vem comprovadamente EDITANDO as (supostas) “planilhas da Odebrecht” (sic) à la carte, pelas mãos do “perito da PF”, nada menos que Paulo Sergio da Rocha Soares, um EMPREGADO da própria Odebrecht! Na verdade, mais que empregado, diretor de TI – de fato – da empresa (ocultado por uma fraude societária justamente como forma de despiste) e irmão do diretor financeiro da Odebrecht, Luiz Eduardo da Rocha Soares.

Sim, é isso mesmo que você está pensando: a “investigada”, a Odebrecht, é quem entrega – ou não! – as “provas” ao “investigador”, a Lava Jato, lá em Curitiba!
Ambos colocam – e tiram – das mesmas quem querem!
Viva o Brasil!
(como diria o saudoso PHA)

P.e., comprovadamente tiraram qualquer menção ao “doleiro dos doleiros”, Dario Messer, codinome “flexão” – algo informado pelo D.E. ainda em dezembro de 2017 e confirmado, apenas neste ano (2019), pela @VEJA.

Repito: Mauricio Ferro, em cuja casa estava lá, plácida, a “chave” para as “pastas secretas da Odebrecht” há 3 anos!, nunca negociou delação premiada – como aponta a “matéria”-plantação do Globo – PORQUE NUNCA FOI PROCESSADO OU INVESTIGADO!
Rá!
Isso, apesar do fato de ser o chefe do tal “departamento de propina”!

Trata-se, certamente, de uma ARMAÇÃO:
(1) Batida na casa de Mauricio Ferro apenas 5 ANOS DEPOIS de as investigações começarem. Em 2014!
(2) Mais: 3 ANOS DEPOIS do fechamento do pacotão de delações, o sujeito ainda guardava tais “chaves”… na sua casa!

Tecnicamente, como explica o especialista em segurança e tecnologia “Caos Soberano”, a história não bate.

 

 

Explica ele:

A charada das chaves criptográficas da Odebrecht.

Um fato que me chamou a atenção quando li as matérias sobre a busca e apreensão na casa de Maurício Ferro foi o fato de a PF ter encontrado lá 2 “chaves criptográficas”.

Primeiro, se Maurício Ferro quisesse realmente manter os dados em sigilo, a destruição das chaves garantiria isso para sempre (em sistemas de alta segurança sem a chave o acesso é inviável). Afinal, sendo ele o homem que cuidava do chamado “departamento de propinas” nada melhor do que sumir com qualquer prova que o incriminasse. A simples posse de tais chaves o liga inexoravelmente ao esquema.

Segundo, se ele guardou as chaves para utilizá-las como trunfo, não seria melhor guardá-las em um local seguro? Afinal, ele teria dois elementos para negociar.

Explico: as tais chaves são muito parecidas com um Token de banco. Precisam de uma senha (PIN) para serem usadas, protegendo o sistema no caso de um roubo ou extravio das mesmas. Ou seja, ele teria as chaves e o PIN para negociar.

Um palpite que tenho é que se a PF “apreendeu” as chaves, parte do acordo já foi fechado.

 

Pergunta importante: a armação virá para cima de quem?
Ou seja, o nome de quem estará plantado nas tais “pastas secretas”?
Plantado pelas mãos do “perito (ao mesmo tempo) da PF e da Odebrecht” (!), Paulo Sergio da Rocha Soares?
Trata-se, por certo, de esquentamento – quase certamente combinado com o próprio Mauricio Ferro – de “provas” fabricadas em Curitiba.

Que “provas”?

Talvez Guido Mantega entre nessa história para que seja chamado a “respaldar” as “novas” “descobertas”. Nesse caso, a probabilidade seria de a armação abarcar o PT. E Lula.

Mas apenas esses?

Bem, a Lava Jato ainda precisa de mais munição contra esses alvos?
As “Genis” da política brasileira?

Ou o fato de pegarem a Braskem – antes tabu – significa um recado à Banca? Assim como o mesmo Mantega, ex-Ministro da Fazenda e conhecedor do esquema de compra de informações privilegiadas?

 

É oportuno lembrar que, justamente hoje, o El País publica matéria da série “Vaza Jato” revelando que, desde 2016, a Lava Jato vem usando o conceito – verdadeiro – de “risco sistêmico” e “contágio” para blindar bancos, MAS – ao mesmo tempo – cavar PALE$TRAS regiamente pagas pelos mesmos!
Difícil decidir quem, nessas tratativas, é mais bandido: Banca ou Lava Jato.

 

 

 

 

Vale lembrar que o cartucho “Palocci” foi gasto pela “Força Tarefa” de Curitiba ainda em 2016. Valeu as tais “palestras” nos bancos. A delação de Palocci foi fechada não com o MPF em Curitiba – que a rejeitou (com bom$ motivo$, como viemos a saber hoje…) – mas com a PF.
E a PF de Brasília!
Não a de Curitiba…

Mantega possibilita mais uma rodada de “negociações” (sic) com a banca, não é mesmo?
Bem, assim como a Braskem…

Em suma: vem aí uma grande armação em Curitiba.
Palavras-chave: “Braskem”, “pastas secretas” – retroativas (!) – com nomes de “recebedores de propina” (sic), Guido Mantega – alguém ao mesmo tempo “do PT” mas também “ex-Ministro da Fazenda” (bancos/ compra de informação privilegiada).
Há, portanto, dois alvos potenciais bastante óbvios: PT (Lula?) e bancos.
Haverá outros?
Quais nomes entrarão, retroativamente!, nas tais “pastas secretas” (sic)?
Armação da grossa, minha gente!

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P.S.:

 

 

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P.P.S.: Eis a “matéria”-plantação da Lava Jato no Globo:

Lava-Jato encontra senhas que podem abrir pasta secreta de propinas da Odebrecht

Equipamentos foram encontrados na casa de genro de Emílio Odebrecht durante a 63ª fase da operação

SÃO PAULO – Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira, a Polícia Federal encontrou na casa do ex-diretor jurídico da Braskem, Mauricio Ferro , genro de Emílio Odebrecht, quatro chaves de criptografia que podem abrir duas pastas secretas do Drousys. Trata-se do sistema de computador de controle de pagamentos de propina do setor de Operações Estruturadas, o “departamento de propina” da empreiteira. Ferro foi apontado por delatores da Odebrecht como o responsável por “dar um jeito” nas chaves.

As chaves são, na prática, pendrives que, quando conectados a um computador permitem acesso a determinadas arquivos ou pastas. Segundo o delegado Thiago Giavirotti, o funcionamento é similar ao de um certificado digital.

— Fisicamente, é um pendrive. É possível plugar em qualquer computador de uma forma segura e usar sua área de trabalho com uma chave de acesso — afirmou Giavirotti.

A própria Odebrecht afirmou ao Ministério Público Federal que Mauricio Ferro foi a última pessoa a ter acesso às chaves de acesso ao sistema. Em relatório produzido pela Polícia Federal, peritos descobriram que o conteúdo de três pastas tiveram seus arquivos apagados.

“A ocultação por executivo da Odebrecht das chaves de acesso a um dos sistemas de contabilidade informal do grupo empresarial constitui fato grave e que coloca em risco a investigação ou a instrução”, afirmou o juiz Luiz Antonio Bonat no despacho que autorizou os mandados de prisão e busca e apreensão.

O diretor jurídico foi preso na manhã desta quarta-feira em São Paulo durante a deflagração da 63ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Carbonara Chimica, referência aos pagamentos que teriam sido feitos a Antonio Palocci e Guido Mantega, ex-ministros conhecidos nas planilhas da empresa como “Italiano” e “Pós-Itália”. Outro alvo da operação desta quarta-feira, o advogado Nilton Serson, não foi preso porque está fora do país.

Mauricio Ferro foi um dos executivos da Odebrecht que não entrou no rol de colaboradores durante as negociações da delação premiada firmada entre a empresa e o Ministério Público Federal.

Segundo o delegado Thiago Giavarotti, os investigadores não conseguem acessar duas pastas dos sistemas, que exigem uma chave de acesso. As pastas fazem referência exatamente ao pagamento de vantagens indevidas mais recentes.

— Em colaboração premiada, alguns dos executivos disseram que (Mauricio Ferro) seria o responsável de dar um jeito nessas chaves. E elas foram encontradas em poder dele 1 disse o advogado, que explicou: — Há possibilidade de que em algumas dessas chaves de criptografia encontraremos a senha de acesso a duas pastas do Drousys em que não conseguimos acesso, a despeito das colaborações.

De acordo com Giavarotti, as chaves são ainda mais importantes exatamente porque o genro de Emílio Odebrecht foi um dos poucos executivos que não fez delação premiada, o que motivou a raiva inclusive de Marcelo Odebrecht.

Segundo o procurador Antonio Carlos Welter, o Ministério Público Federal, ao firmar o acordo, sempre espera a espontaneidade dos alvos da operação. Na ocasião, disse ele, foi aberta a possibilidade para que todos os executivos da Odebrecht revelassem as irregularidades que teriam cometido.

— O senhor Mauricio Ferro, que ocupava um cargo de direção na empresa, entendeu que não cometeu nenhum ilícito — disse.

A operação de hoje foi deflagrada após a Lava-Jato receber informações das autoridades suíças sobre uma conta que Mauricio Ferro mantinha na Suíça em nome de uma empresa offshore de sua titularidade.

Durante as negociações com Antonio Palocci e Guido Mantega para aprovação de duas medidas provisórias que os investigadores suspeitam que beneficiaria a Odebrecht, Mauricio Ferro teria enviado parte dos valores para o exterior por meio de um escritório de advocacia que firmou um contrato com a Braskem mas, segundo a própria empresa hoje admite, sem ter indícios de prestação de serviço.

— O que ficou muito nítido é que o grupo investigado, numa diversificação dos seus investimentos, resolveu investir no ramo de legislação. Fez um investimento milionário em medidas provisórias para ter um retorno bilionário — afirmou Giavarotti.

Durante a entrevista coletiva, os procuradores Antonio Carlos Welter e Laura Tessler foram questionados também sobre as mensagens vazadas após o hackeamento dos celulares do procurador Deltan Dallagnol mas não quiseram comentar.

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P.P.P.S.: sobre esse tema, ver ainda:

Dossiê: por que Moro teme delação de Eduardo Cunha – live especial

– O elo entre Eduardo Cunha, Paulo Pimenta, Wadih Damous e Luis Nassif: xeque do Duplo Expresso

– Lava Jato: a prova do crime (e da traição)

 

 

 

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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