Exclusivo: militares usarão #VazaJato, Greenwald e “russos” para dar golpe?

Publicado 13/jun/2019 – 2:07
Atualizado 14/jun/2019 – 3:35 – (i) debate no Duplo Expresso (final), com Piero Leirner e Thais Moya: im-per-dí-vel!; (ii) o (não!) interesse de Putin pelo Brasil; e (iii) a demissão de Santos Cruz

  • Os militares usarão #VazaJato, Glenn Greenwald e os “russos” para dar o golpe no Brasil?
  • Com apoio dos EUA?
  • É por isso que estão usando Greenwald para queimar Sergio Moro?
  • Que papel os partidos de esquerda – e os veículos ligados aos mesmos – desempenham nessa farsa?
  • O de “idiotas úteis”?
  • Ou algo mais sinistro?
  • Aliás, para além do principal, o timing sincrônico dos ubíquos “agentes russos”, qual seria o evento detonador do “reboot”? Algo com a Venezuela? Uma nova “fake-ada”? Em Moro desta feita, talvez? Ou, um ataque em larga escala à infra-estrutura brasileira (e.g., derrubar Itaipu)? “Casualmente”, por exemplo, amanhã, no dia da “greve geral” – convocada pela esquerda? “Provando”, “em definitivo”, que a esquerda brasileira é, “sim”, a “cabeça de ponte” da “invasão russa ao Brasil”? Justificando o seu expurgo? Ou o catalisador seria um HC concedido a Lula pelo “corrupto” STF, causando “grave comoção social” de “cidadãos de bem” – devidamente plantados – Brasil afora? Enfim, os milicos têm um leque de opções à sua disposição.
  • Americanos, chineses e russos: para o bem e para o mal, o Brasil, sem sair do lugar, foi para o centro do mundo desde o último domingo. Briga de cachorro grande. Infelizmente, com prognóstico nada positivo.

Exclusivo: militares usarão #VazaJato, Greenwald e “russos” (sic) para dar o golpe no Brasil?

Por Romulus Maya, para o Duplo Expresso
Com contribuição imprescindível de Piero Leirner e informação de Pepe Escobar sobre Glenn Greenwald/ Pierre Omidyar

  • I. “É o petróleo (e o prato de comida), estúpido!”
  • II. Da Antiga à “Nova Roma”: “divide et impera
  • III. Os militares e os lobistas de Washington no Planalto, de Temer a Bolsonaro
  • IV. O – esperado – “golpe no golpe” e a “guerra híbrida”
  • V. EUA vs. militares: a barganha
  • VI. Às portas do reboot social?
  • VII. O (nosso) enigma: “esquerda” manipulada? Ou – também – manipulando?
  • VIII. Finalmente: quem é Glenn Greenwald. E a quem ele serve.
  • X. Conclusões

I. “É o petróleo (e o prato de comida), estúpido!”

O golpe no Brasil não foi “misógino”. Foi por petróleo, que não tem sexo. O golpe foi no petróleo e, com base nesse, também na agricultura brasileira. Ao contrário do que supõe a indigência intelectual da Ministra Carmen Lúcia, manifestada na última quinta-feira no Plenário do STF, agricultura e petróleo tem tudo a ver. Ora, o preço do petróleo, e de seus derivados, é dos elementos mais importantes na matriz de custos da produção agrícola. No Brasil e em toda parte. Fertilizantes (amônia, viu, Carmen Lúcia?), defensivos agrícolas com moléculas de síntese, energia (tratores, irrigação), sacas e, finalmente, o preço do frete do caminhão. Tanto na ida, trazendo todos esses insumos, como na volta, levando o produto agropecuário final ao seu destino (sobretudo a exportação).

A faca do golpe no Brasil teve dois gumes principais:

(i) Petróleo “para fora”: negar acesso aos chineses ao petróleo brasileiro – eles que tinham levado o primeiro leilão do Pré-sal, o de Libra, sob Dilma; e

(ii) Petróleo “para dentro” – desnacionalizar a produção e o refino de petróleo no Brasil, de forma a dar aos americanos o controle sobre o preço de petróleo e derivados no país. Para torna-lo mais caro, bem entendido. De forma que, a partir daí, pudessem deixar o agronegócio brasileiro andando perpetuamente com o freio de mão puxado. Lembremos, por óbvio, que os EUA são os maiores concorrentes do Brasil nesse mercado. No entanto, o alvo principal aqui é mais uma vez a China, sendo os agricultores americanos beneficiários “apenas” colaterais.

O cálculo é simples: a China é o maior importador mundial de alimentos. 1.4 bilhão de bocas para comer. Ou melhor, muito mais: para além da alimentação humana, há a animal. A soja é fundamental para ambas, com especial destaque na culinária chinesa. O milho, lá, serve mais à alimentação animal. Soja e milho constituem, combinados, a base da alimentação animal no mundo. Nesse mercado relevante, juntos, EUA + países do MERCOSUL – incluídos aí Brasil, Argentina e Paraguai (todos esses “casualmente” alinhados sob a direita americanófila) – controlam simplesmente 80% (!) das exportações mundiais de soja e de milho.

Pois adivinhem quem seria o principal comprador?

Que depende dessas importações para não cair numa convulsão social?

Sim, a China. No quadro geopolítico atual, a ameaça de uma grande fome na China constituiria uma considerável arma de dissuasão nas mãos dos EUA.

(mais sobre isso aqui)

Contudo, para tornar tal ameaça crível, os EUA precisariam controlar, também, a produção e a exportação agrícola do Brasil. E, por óbvio, os seus preços. Os EUA conseguiriam fazê-lo, como aludido acima, controlando o petróleo “para dentro”. Mas não apenas. Além disso, também controlam as quatro tradings globais, o oligopólio mundial que controla o comércio de commodities agrícolas. Dessas quatro, três têm sede nos EUA. E, portanto, estão sob a sua jurisdição – bem como das suas “sanções” visando à “segurança nacional” (sic). São elas: ADM, Cargill e Bunge. A quarta, a francesa Louis Dreyfus, está sob o controle de aliado (i.e., vassalo) europeu.

(mais sobre isso aqui)

A propósito, lembram-se da JBS, “brasileira”, a maior exportadora de proteína animal no mundo?

Pois é: na reorganização societária do grupo, a holding – “casualmente” – mudou-se para os… EUA! E, por óbvio, para a sua jurisdição (e sanções).

Depois disso, alguém aí ouviu falar de Joesley Batista preso?

De problemas dele na Justiça?

Seja na do Brasil, seja na dos EUA, onde mora em suntuosa cobertura de Manhattan?

(ficando também sob a jurisdição americana na pessoa física)

Pois é.

Esse é o jogo, minha gente.

*

Ainda nesse contexto de sabotagem à agricultura brasileira:

– A renúncia ao status de “país em desenvolvimento” na OMC, exigida pelos EUA de Bolsonaro, não é gratuita: limitará subsídios. Adeus, financiamento do Banco do Brasil com taxas de juros abaixo das de mercado;

– A instrumentalização do sionismo cristão, evangélico, fornece o álibi (“embaixada em Jerusalém”) para destruir as exportações agrícolas para o Oriente Médio, descapitalizando o setor rural.

Para poderem instrumentalizar a carência da China por soja e milho, os EUA precisam deixar a agricultura brasileira com o freio de mão puxado. Lembremos que o “triângulo” Brasil é único no mundo: um território continental (terras) quase integralmente compreendido entre o equador e o Trópico de Capricórnio, o que significa abundância de pluviosidade (água) e insolação, sem corrente marinha fria em sua costa que gerasse regiões desérticas. Já dizia Pero Vaz de Caminha: “em se plantando tudo dá”.

*

II. Da Antiga à “Nova Roma”: “divide et impera

No programa Duplo Expresso da última terça-feira, Pepe Escobar falou uma vez mais do projeto americano de fazer um novo “Nixon vai à China”. Henry Kissinger, ciente da impossibilidade de os EUA encararem as forças combinadas de Rússia e China, teria recomendado ao governo americano que trate de colocar uma cunha para separá-los, trazendo a China para si e isolando os russos.

Ocorre que faltou combinar com os…

– … russos!

Sagazes, chineses e russos conhecem perfeitamente o plano de Kissinger. Da mesma forma, a China, que não é boba, sabe bem que, depois dos russos, seria inevitavelmente o alvo seguinte do Império. Portanto, o poder de atração desse “canto de sereia” dos EUA não consegue ser lá tão grande. Ao menos por ora.

E é exatamente aí que entra o Brasil: Rússia e Irã podem suprir, em abundância, a China de petróleo e derivados, no lugar do pré-sal. Mas nenhum dos dois pode, ainda, alimentar o 1.4 bilhão de bocas chinesas. I.e., 1.4 bi de bocas humanas…

Há, ainda, as animais!

Chineses e russos sabem perfeitamente bem ser esse o calcanhar de Aquiles da aliança estratégica que os une. E, por isso, sucedem-se os anúncios de cooperação entre ambos para fazer explodir o cultivo de soja em solo russo.

 

Milho lá não produzem, mas em compensação tornaram-se os maiores exportadores de trigo – tomando posição secular dos… EUA (!). Da mesma forma, são os maiores produtores de outra variedade, o “trigo forrageiro”, que pode substituir o milho no mix com a soja para a alimentação animal.

Ou seja, é apenas questão de tempo para o bloco sino-russo blindar-se da ameaça de “fome na China”. No entanto, esse tempo é estimado por especialistas em economia agrícola em, no mínimo, uma década.

Assim, esse é o horizonte de tempo de que dispõem os EUA para usar o Brasil como ameaça – crível – aos chineses. É o limite máximo de que gozam para lograrem sucesso na difícil tarefa de romper a aliança estratégica sino-russa.

É agora ou nunca. Simples assim.

Dessa perspectiva, fica claro por que não era possível aos EUA aguardarem 2018 para tirarem o PT do poder. O avanço da China no Brasil tinha de ser contido o quanto antes, ainda em 2016, para que não se tornasse – depois – irreversível.

Lembrem-se: o golpe foi no Pré-sal e na Petrobras; petróleo “para fora” e “para dentro”. Energia e alimento.

*

III. Os militares e os lobistas de Washington no Planalto, de Temer a Bolsonaro

Avançando no tempo, chegamos a 2018/ 2019, com a chegada – i.e., a oficial – dos militares ao poder. Já tínhamos, antes, o General Etchegoyen como eminência parda sob (na verdade, “sobre”) Michel Temer. Aliás, consta que o “sumido” Etchegoyen – profundamente ligado ao lobby anglo-sionista no Brasil desde há muito – seguiria exercendo poder no GSI, apesar da presença – figurativa, imaginem – do histriônico General Heleno. Esse não seria mais do que uma “Rainha da Inglaterra”. Sem, é claro, o seu bom senso ou postura. Etchegoyen manteria a sua influência no GSI por meio de homem – seu – que lá ficou, ainda no posto de Secretário-Executivo: o (discretíssimo) General Valério Stumpf.

Adivinhem? “Ligadíssimo a Washington” – relatam fontes no Exército.

Segundo esses relatos, quem mandaria de verdade no Governo Bolsonaro, hoje, seria essa dupla das sombras, anglo-sionista: Etchegoyen/ Stumpf. E ela estaria a tocar a criação – de papel passado, inclusive – de um “Deep State brasileiro”, para controlar de forma perene o poder político. Isso é facilmente aferível, pois o GSI – dos dois – passou a concentrar nos últimos meses controle sobre:

(i) toda a inteligência (arapongagem?) do Estado, por meio do Decreto 9.527, de 15/out/2018;

(ii) nomeações para todos os cargos em comissão do Executivo (incluindo universidades, lembram?), por meio do Decreto 9.794, de 14/mai/2019; e

(iii) política externa e de defesa, por meio do Decreto 9.819, de 3/jun/2019 último. Ou seja, apenas 10 dias atrás!

Notem bem: até Sergio Moro responde, nesse escopo, ao todo-poderoso GSI, pois esse preside uma tal “Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Conselho de Governo”. Sua competência inclui – expressamente – “cooperações internacionais”. Ou seja, mesmo as conversas de Moro com os americanos do DoJ (Departamento de Justiça) – na qualidade de Ministro da Justiça/ “autoridade central” designada nos tratados de cooperação judiciária internacional – tem agora de passar pelo… GSI.

Não de Heleno, mas de Etchegoyen/ Stumpf.

Novamente: ambos “ligadíssimos a Washington”!

Para além disso, fechando o cerco, o Clube dos Generais “gaúchos” do GSI – que inclui ainda, para além de Etchegoyen, Stumpf e Heleno, Villas Boas e talvez até Mourão – acaba de se blindar legalmente de qualquer responsabilidade com:

(iv) o Decreto 9.830, de 10/jun/2019, que em seu artigo 12 diz que agentes públicos, para além do nexo de causalidade, só poderiam ser responsabilizados caso haja prova “fática” de dolo. O que limita muito o alcance, já que dolo é circunstância psicológica.

É aleatória essa sequência de decretos, acima?

Foram feitos da noite para o dia?

Evidente que não: o “Clube do GSI”, protótipo de “Deep State à brasileira” está deixando pronto, pouco a pouco, o arcabouço “legal” (?) e administrativo para a hipótese de fechamento do regime. Venha ele a ser mais ou menos explícito.

*

IV. O – esperado – “golpe no golpe” e a “guerra híbrida”

Há muito se especula sobre a possibilidade de um autogolpe, seja sob Bolsonaro, seja sob Mourão, como a “fuga para frente” do atual regime, diante das suas crescentes dificuldades políticas. Faltaria, contudo, o clima social. E também o estopim.

Nada com que os manuais de “guerra híbrida” não pudessem ajudar: busca-se um “reboot”, ou “reinicialização” do sistema operacional (social).

Mas… agora já com um “patch” de segurança.

Ou seja, o “sistema operacional” do “computador-sociedade” sendo (re-) inicializado no “modo de segurança”. Aquele em que todo o poder é dado ao administrador do sistema, para que possa “reparar a grave vulnerabilidade” que “o ameaçava”. Para isso, diversas das funcionalidades do sistema, antes autônomas, passam a depender de comando específico/ autorização do administrador.

Sem ela, nada feito.

Troque-se “computador”/ “sistema” por “sociedade”, e ainda “administrador” por “ditadura” (mais ou menos assumida), que a metáfora fica ainda mais clara.

Pois bem. A partir dessa premissa, seria possível perceber sinais de que tal processo, que tem como requisito a multiplicação de sincronicidades, formando uma espiral que aponta para um mesmo destino (nada) “aleatório”, teria começado?

(mais sobre isso aqui)

Haveria indícios de uma operação psicológica de espectro total, com todos os meios de comunicação de massa, sejam os tradicionais ou os digitais (incluindo redes sociais), os de direita ou de “esquerda”, reforçando uma mesma narrativa, apenas trocando o seu sinal para customiza-la para o seu público cativo?

Pois sim!

E é aí chegamos a esta semana. E ao – nada aleatório – “ataque russo” (sic) à Lava Jato.

(tratado mais adiante)

*

V. EUA vs. militares: a barganha

Os Estados Unidos, na sua disputa com Rússia e China, têm tudo a ganhar com uma aventura militar no Brasil. E nada a perder. Passam a poder “operar” plenamente, de acordo com os seus interesses, o (gigante) Brasil – petróleo/ alimentos – nas suas negociações estilo “cenoura/ porrete” com os chineses. Isso porque se colocam na confortável condição de não apenas patrocinadores da ascensão dos militares ao poder, mas também – e mais importante – na de garantes da sua permanência (ou não!) no mesmo.

A todo tempo.

Ora, em plena era digital o Império controla, direta ou indiretamente (e não por acaso!), Facebook, Youtube, Twitter, Whatsapp, Google, Netflix, Instagram, Apple, satélites, Claro, dólar, Bolsa, Globo…

e…

… Intercept (!)

Todos eles, bem sabemos desde 2013, instrumentos eficazes – quase irresistíveis – de ataques híbridos/ desestabilização.

Prova conceitual: a aprovação de Dilma Rousseff foi, no espaço de apenas um mês, de 75% para 30%. Ou seja, 45% de diferença: meio país!

Lembram?

O que, exatamente, teria mudado em apenas 30 dias (!) para que metade (!) da população desse tal guinada política, de inacreditáveis 180 graus?

O que, senão o córtex “coletivo” da sociedade brasileira, devidamente submetido a um bombardeio?

E de saturação?

Pois de lá para cá, o “poderoso” Brasil, sem sombra de dúvida, há de ter virado case study no Pentágono.

Não há, portanto, que se falar na atualidade em “fechamento do regime” no Brasil se não for com beneplácito – mais ou menos entusiasmado – dos americanos. Numa sociedade totalmente americanizada – mas, notem, desindustrializada – não se aceita abdicar dos bens de consumo – inclusive os culturais! – da pax americana.

(ah, a febre dos vídeos de “unboxing” no Youtube…
Não sabe o que é?
Ora, joga no…
… Google!)

Pergunta:

Paulista – para pegar a parte pelo todo – aguenta a onda de privações que cubano e venezuelano seguram?

Quem acha que sim certamente não conhece muito bem a classe média brasileira…

Ou São Paulo!

É triste constatar, mas parece não haver espaço hoje – político – para um “novo Getúlio”, ou um “novo Geisel”, “revelarem suas reais intenções”, “nacionalistas”, uma vez sentados na cadeira presidencial. Nem que muito o quisessem…

Ora, tal cadeira é ejetável.

E por controle… remoto!

*

Uma militarização – ainda mais explícita – do regime no Brasil seria, quase certamente, uma aventura fadada ao fracasso. É evidente que os americanos, que não são ingênuos, sabem perfeitamente disso.

Mas lembrem: eles têm – apenas – 10 anos para poderem pressionar os chineses. Depois disso, já era.

E tem mais: se tudo desse errado, e os militares caíssem em seis meses, sua total desmoralização realizaria um objetivo – esse, de longo prazo – dos mesmos americanos:

– A desintegração das Forças Armadas brasileiras – certa com a revanche que viria da sociedade. Algo parecido com o que ocorreu na Argentina pós-ditadura.

Não é segredo que o projeto dos americanos para os militares do Brasil – e de todo o continente – é convertê-los em uma grande gendarmaria “antidroga”. Como, por exemplo, lograram fazer no México.

Para tocar o divide et impera – aplicado, inclusive, no interior de cada província do Império – a “Nova Roma”, anglo-sionista, diversas vezes “apostou” (#SóQueNão!) em aventuras semelhantes, todas elas fadadas ao fracasso – desde a largada.

Exemplos?

Não disseram aos generais argentinos que fossem às Malvinas, que eles tratavam de segurar os britânicos?

Não disseram a Saddam Hussein que fosse ao Kuwait, que não tinha problema nenhum?

Bem conhecemos, todos, a sequência desses conselhos “de amigo”, não é mesmo?

*

E, desgraçadamente, quem parece que não a conhece são, justamente, os Generais brasileiros.

Ou será que conhecem?

E pouco se lhes dá?

*

Por falar neles, os Generais brasileiros…

O que ganhariam nessa aventura?

Essa é a grande pergunta.

E, diante do que vai acima, confesso que não sei a resposta!

No entanto, ao vermos os textos que saem publicados no que chamamos de “diário do surto”, o site voltado ao público militar “defesanet”, bem como as movimentações pelas sombras de Generais (anglo-sionistas) como a dupla do GSI, Etchegoyen-Stumpf, constatamos que o trabalho de doutrinação – e cooptação – tocado há décadas pelos americanos foi (ultra!) bem-sucedido.

Eles (em grande parte) realmente acreditam – e disseminam, há mais de década! – que haveria uma “guerra híbrida tocada por Rússia e China contra o Brasil, em que essas contariam, como ‘cabeça de ponte’, com ‘elementos antinacionais’ – leia-se esquerda brasileira – e os bolivarianos ao norte”. Fora, é claro, “FARC, Foro de São Paulo, PCC, Hezbollah, gayzistas, indígenas, quilombolas…”

Mas há mais.

Para além dos tontos, há – sempre – os espertos.

Diversos Generais vêm sendo, ao longo dos anos, cooptados como “representantes comerciais” – no Brasil – de empresas do complexo industrial-militar americano. Os mais prestigiados internamente, uma vez na reserva (mas mantendo a ascendência sobre a ativa), têm passado a essa condição. Mesmo generais da ativa têm parentes fazendo o caixa – da família, ora – seguindo esse modelo. Ganham comissão em cima das vendas de jatos, helicópteros, blindados, armamento leve e pesado, etc., tanto à União como aos Estados.

E pode ser aí, talvez, que resida uma das razões por que os Militares não mexeram um músculo para impedir a implosão da “Odebrecht Defesa” ou a desnacionalização da Embraer: seriam concorrentes em potencial nas compras públicas?

Para além disso tudo há ainda, é claro, o bom e velho recurso a “dossiês”. Muitos deles contendo estripulias financeiras (e.g., licitações), ou mesmo sexuais, contra militares em postos chave.

Com o Império, se não vai por bem, vai por mal. Pedagogia e força. Piaget e… Pinochet.

*

VI. Às portas do reboot social?

Como dissemos acima, no contexto de guerra híbrida temos de estar sempre atentos a:

(i) multiplicação de sincronicidades, formando uma espiral que aponta para um mesmo destino (nada) “aleatório”;

(ii) indícios de uma operação psicológica de espectro total, com todos os meios de comunicação de massa, sejam os tradicionais ou os digitais, os de direita ou de “esquerda”, reforçando uma mesma narrativa, apenas trocando o seu sinal para customiza-la para o seu público cativo.

E – bingo! – voltamos à massificação – notem: de espectro total – da narrativa do “ataque russo” (sic) à Lava Jato/ Governo Bolsonaro/ Brasil:

(1) Ontem, o Duplo Expresso conseguiu atrapalhar a operação – em que despontava mais uma vez a dobradinha Moro/ Globo – de responsabilização do aplicativo russo (!) Telegram pelo “hackeamento” das mensagens da Lava Jato. Perguntados por nós, os responsáveis disseram que não tinham sido hackeados coisa nenhuma. Ficaram, dessa forma, com a brocha na mão tanto Moro como a Globo, que tinham preparado matéria de capa, à qual havia sido dado grande destaque:

Hoje, sem que fosse de todo inesperado, a máquina de guerra cibernética americana tentou derrubar o Telegram, para “provar que ele não era seguro coisa nenhuma”, diferentemente do afirmado ontem pelo próprio.

(e pelo Duplo Expresso)

Felizmente, falharam:

Notem: tudo isso (quanto custa?) por causa – apenas – deste singelo Duplo Expresso…

(a esse propósito, saibam, para que não restem dúvidas, que estamos todos da equipe olhando os dois lados antes de atravessar ruas, ok?)

(2) O Vice-Presidente da República, o General Hamilton Mourão, em visita recente à China, ousou declarar a jornalistas que a Rússia – companheira tanto do Brasil como da China no BRICS – “move guerra híbrida” pelo mundo (!). Ficou subentendido que também no Brasil.

(3) “Causalmente”, nos vazamentos de Glenn Greenwald, fala-se que o apelido de Sergio Moro seria… “russo” (?!).

(4) Depois da porrada que o Duplo Expresso deu ontem na narrativa “Telegram”/ “hacker russo”, Sergio Moro e Globo hoje dobraram a aposta na mesma – agora com matéria assinada por seniores da casa:

(…)

“Russos”…

(5) Estranhamente, quadros da esquerda, assim como os veículos “de esquerda”, estão empenhados – eles também – em vender a (falsa e mal-intencionada!) narrativa de “hacker russo”.

(exemplos mais adiante)

(6) Glenn Greenwald mantém a sua “ambiguidade silente” quanto à fonte (“anônima”, diz ele) e ao meio pelo qual essa teria tido acesso aos supostos diálogos da Lava Jato. Ele que, no imaginário popular, é sempre associado a Edward Snowden. Esse que se encontra asilado na… Rússia! Glenn, deliberadamente, permite que a narrativa de “hackers russos” siga sendo batida, tanto à direita como à esquerda. Ou seja, o “espectro total” da “guerra híbrida”.

(7) E por falar em “espectro total”, Globo e Greenwald resolveram atuar numa “pinça” ainda mais explícita. Ambos tentam sequestro de pauta simulando “misterioso entrevero pretérito”:

Não entendi muito bem…

Quer dizer que a Globo, principal mantenedora de Sergio Moro e da Lava Jato (!), foi procurada antes por Greenwald?

Para que participasse da sua “CU-radoria” dos supostos “documentos hackeados”?

É isso mesmo?

Ou estou maluco?

*

VII. O (nosso) enigma: “esquerda” manipulada? Ou – também – manipulando?

A esquerda está ou não está jogando – junto com a direita – para permitir o “reboot” militar com essa história de “invasão russa” em socorro da “sua cabeça de ponte – vermelha! – no Brasil”?

Em caso positivo, faz isso de forma deliberada ou caiu na “abordagem indireta” (parte da “guerra híbrida”) tocada pelos militares?

Ora, são os quadros políticos e jornalistas de esquerda néscios?

De espertos, a “raça” nesta geração só deu Pepe Escobar, Piero Leirner e eu?

Por maior que fosse a nossa autoestima, segue sendo bem difícil de acreditar…

De qualquer forma, vejamos alguns exemplos a-lar-man-tes:

(A) Ricardo Cappelli: o cidadão, do PCdoB (!), é, simplesmente, representante em Brasília do Governador – comunista! – do Maranhão, Flávio Dino. Aquele que, claramente, nutre ambições nacionais. Pois esse seu destacado assessor, que vem a ser também ex-Presidente da UNE (opa!), do alto desse seu standing/ posto institucional “esquerdista” (notar a assinatura), endossa 100% a narrativa plantada por Moro e Globo de “trabalho russo” (!).

Incrível convergência, não?

Pois isso não é nada. Pior foi o que o próprio me disse em privado, quando o questionei a esse respeito. Mas isso fica para uma outra oportunidade…

Pelo visto, para esse analista o cui bono só vale se esse apontar para o Vladimir Putin (!). Exatamente como querem Globo e Sergio Moro.

(e Greenwald?)

 

(B) Ciro Gomes, terceiro colocado na eleição presidencial de outubro último, é mais direto ainda nesta semana e afirma que foi a Rússia quem “hackeou”!

Incrível, não?

É ver para crer, a partir do min. 6:40:

Olha… dou um dedo da mão se Ciro não tiver ouvido essa “versão” dos lábios de Roberto Mangabeira Unger…

Aquele que não é espião da CIA…

– … mas, sim, seu recrutador!

Alguém profundamente ligado ao esquema Clinton no Deep State americano.

Ora, Ciro não sabe quem é Mangabeira Unger?

Se sabe (e sabe), acha que pode, depois, passa-lo para trás?

Crê-se hábil como Brizola, que o fez nos anos 1980?

Sei não…

Saibam: o finado Moniz Bandeira, amicíssimo de Brizola, não levou para o túmulo todas as confidências que ouviu a esse respeito do Velho Briza…

Nesse ponto, aliás, bem fez Lula que nunca deu trela ao (insistente, né?) Mangabeira Unger… sempre vindo de Harvard para colar em lideranças da esquerda brasileira ascendentes…

Brizola, Lula, Ciro…

Padrão curioso, não?

 

(C) Posso vir a ter problemas para digitar textos no futuro, mas dou ainda outro dedo da mão se não foram justamente Roberto Mangabeira Unger e/ ou Ciro Gomes que pautaram Paulo Henrique Amorim para que gravasse vídeo dizendo que “fonte anônima lhe contou que Glenn Greenwald quer acabar com a… CIA” (!!)

Sim, com a CIA!

Trabalhando para o Pierre Omydiar, PHA?

Ora, não decepcione (tanto) esse seu admirador (ex-CApiano-UFRJ como você)!

Em tempo: Ricardo Cappelli, o do PCdoB, do item (A) acima, assim como seu chefe, Flávio Dino, ambos, trabalharam intensamente por Ciro Gomes (e Mangabeira Unger?) no ano passado.

Ah, esse Mangabeira Unger…

Por onde passa deixa rastro…

Em tempo (2): nada é tão ruim que não possa piorar. Não satisfeito com o vídeo acima, pautado por Mangabeira Unger, PHA ainda pega um texto de Maria Cristina Fernandes no jornal Valor – claramente cético com relação a hipótese de envolvimento russo – e, simplesmente, mancheta o contrário do que vai no conteúdo (!):

(haja viés cognitivo de confirmação. Quero crer que seja isso…)

 

(D) A “Central do Plano B”/ “PT Jurídico”/ Brasil 171

Editor:

O veículo – que, aliás, PHA diz pertencer ao banqueiro bandido Daniel Dantas – deu hoje destaque à aposta – devidamente dobrada – da dupla Moro/ Globo:

 

Reproduzindo e linkando:

(…)

Relato plantado por Moro, no Globo, tomado pelo valor de face…

Incrível essa blogosfersa “progressista”, não?

*

De novo:

O (nosso) enigma: “esquerda” manipulada? Ou – também – manipulando?

*

O (não!) “interesse” de Putin pelo Brasil
Na base, na militância, a mesma “abordagem indireta” é empregada para levar esquerdistas a vestir – orgulhosamente, ainda que indevidamente – a carapuça de “cabeça de ponte – ‘híbrida’ – russa” no Brasil. A base disso está na memória afetiva com relação à ex-URSS e, na atualidade, a Vladimir Putin, alguém que faz o que não podemos: mete o dedo na cara do Império.

No entanto, trata-se de algo totalmente deslocado: Putin não arriscaria seus interesses no seu “inner belt” eurasiano por uma aventura no Brasil. Não só pela limitação do seu “guarda-chuva nuclear”, mas porque não teria sequer interlocutor no país. O que tinha – Lula – não só está neutralizado como cercado de traidores (circunstância conhecida por Putin).

Sobra quem?

Fernando “Sanders-Clinton” Haddad?

Ciro “Mangabeira Unger” Gomes?

Perguntas, evidentemente, retóricas.

Aliás, essa “abordagem indireta” valendo-se desses afetos da esquerda não é sequer inédita. Na verdade, houve um grande teste/ “prova conceitual” prévia, meses atrás, que certamente possibilitou até mapeamento (algorítmico): publicações de direita plantaram a fake news de que haveria “mísseis russos S-300 colocados por Maduro-Putin na fronteira da Venezuela com o Brasil”. O que, evidentemente, não faria nenhum sentido do ponto de vista militar, enganando apenas leigos.

E o que se seguiu?

Militantes de esquerda, incluindo muitos “intelectuais” (aspas necessárias), resolveram “trollar” bolsominions nas redes sociais comemorando que “agora eles iam se ver com Putin”, que ia “bombardear o Brasil”. Sim, comemorando (!)

(mais sobre isso aqui)

*

VIII. Finalmente: quem é Glenn Greenwald. E a quem ele serve.

Segue email enviado a mim por Pepe Escobar, lido ao vivo durante o Duplo Expresso desta manhã. Esse havia dirigido mensagem dois dias atrás à fundadora e editora-chefe do site newsbud.com, Sibel Edmonds, perguntando sobre o que moveria Greenwald, cuja trajetória ela conhece. Sibel foi vazadora (whistleblower) do FBI. Alguém, ao seu tempo, como Edward Snowden e Chelsea Manning.

Pois eis a BOMBA – como bem qualificou Pepe Escobar – que ela viria a soltar na sua resposta:

Traduzindo:

Pepe Escobar: Leitores me enviaram uma excelente reportagem que você escreveu anos atrás sobre (o bilionário Pierre) Omidyar e (Glenn) Greenwald. Você considera Greenwald uma “pegadinha da inteligência americana” típica (alguém empregado para iludir o público com vazamentos de menor importância para esconder o principal)? Ou algo mais sinistro? O Intercept acabou de publicar uma história enorme – um vazamento – sobre toda a conspiração para colocar Lula na cadeia. Mas há muita coisa que não faz sentido com relação ao cui bono (quem sai beneficiado).

Sibel Edmonds: Com Greenwald, sempre foi sobre servir a quem oferecesse mais dinheiro.
Por volta de 2008-2010, ele recebeu grana dos Democratas para manipular a opinião pública sobre o (projeto de lei) “Privilégio dos Segredos de Estado” e fazer soar como se fosse ser utilizado apenas contra “árabes suspeitos de terrorismo”. Fez isso apenas para que essa legislação, discutida no Congresso, ganhasse apoio na sociedade. No entanto, essa Lei vem sendo utilizada contra nacionais dos EUA que venham a vazar informações que envolvam (temas ligados à) “Segurança Nacional”, como eu.
Esse cara mais tarde foi puxar o saco dos Libertários (na linha Steve Bannon, irmão Koch, ou seja, o outro extremo político) e ganhou uma grana desse campo por alguns anos.
Aí ele ganhou na mega-sena com o show envolvendo Snowden & (o bilionário Pierre) Omidyar.
Você não está diante de um indivíduo que tenha convicções fortes ou qualquer ideologia política específica; ou mesmo caráter. E, para completar, ele tem muitos esqueletos no armário, objetos de chantagem, indo desde [______] a casos de [______] no passado… esses esqueletos vêm sendo utilizados para manobrá-lo.

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Para entender, exatamente, quem é o patrão de Greenwald, ouvir o relato do próprio Pepe Escobar, no Duplo Expresso:

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IX. Conclusões

Infelizmente, com mais perguntas que respostas.

Voltamos, primeiramente, ao título do artigo: os militares usarão #VazaJato, Glenn Greenwald e os “russos” para dar o golpe no Brasil?

Com apoio dos EUA?

É por isso que estão usando Greenwald, um ativo americano, para queimar outro – Sergio Moro?

Que papel os partidos de esquerda – e os veículos ligados aos mesmos – desempenham nessa farsa?

O de “idiotas úteis”?

Ou algo mais sinistro?

Aliás, para além do principal, o timing sincrônico dos ubíquos “agentes russos” (“espectro total”, lembram?), qual seria o evento detonador do “reboot”? Algo com a Venezuela? Uma nova “fake-ada” (aqui e aqui)? Em Moro desta feita, talvez? Ou, um ataque em larga escala à infra-estrutura brasileira (e.g., derrubar Itaipu)? “Casualmente”, por exemplo, amanhã, no dia da “greve geral” – convocada pela esquerda? “Provando”, “em definitivo”, que a esquerda brasileira é, “sim”, a “cabeça de ponte” da “invasão russa ao Brasil”? Ou o catalisador seria um HC concedido a Lula pelo “corrupto” STF, causando “grave comoção social” de “cidadãos de bem” – devidamente plantados – Brasil afora? Enfim, os milicos têm uma leque de opções à sua disposição.

Bem, Roberto Mangabeira Unger, o recrutador da CIA que – estranhamente – circula nos meios de esquerda com muita desenvoltura, certamente sabe a resposta para todas essas perguntas. E muito mais.

Americanos, chineses e russos: para o bem e para o mal, o Brasil, sem sair do lugar, foi para o centro do mundo desde o último domingo. Briga de cachorro grande. Infelizmente, com prognóstico nada positivo.

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Atualização (1): debate deste artigo no Duplo Expresso, com Piero Leirner e Thais Moya

(longo, mas – sinceramente – im-per-dí-vel!)

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Atualização (2): demissão do General Santos Cruz como C.Q.D.?

Da seção de comentários:

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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